NNANOPARTÍCULAS DE ORGANOGEL ADVINDAS DE MICROEMULSÕES: UMA ABORDAGEM PROMISSORA PARA VEICULAÇÃO DA CURCUMINA
Organogel; gelificante de baixo peso molecular; curcuminóides; nanotecnologia; administração oral.
A curcumina é um polifenol obtido a partir do rizoma da Curcuma longa, que tem se destacado devido seu elevado potencial biológico. Todavia, esta molécula possui classificação biofarmacêutica Classe IV (baixa solubilidade em água e baixa permeabilidade), o que compromete sua biodisponibilidade em meio fisiológico. Adicionalmente, a curcumina é susceptível a intenso metabolismo, sendo rapidamente eliminada, além de apresentar, instabilidade em pH gastrointestinal. Para contornar limitações de moléculas classe IV, tem-se sugerido o uso de nanopartículas lipídicas (NPs). Dentre estas, se apresentam as nanopartículas de organogel, sistemas reservatórios com partículas hidrofóbicas nanométricas e com características de gel, aspectos que combinados conferem maior estabilidade e aprisionamento de fármacos frente a NPs lipídicas convencionais. Devido a seu recente desenvolvimento, estas NPs requerem aprimoramento (redução e uniformidade das NPs) para obter maior permeabilidade e biodisponibilidade quando administradas por via oral. Nessa perspectiva, o objetivo dessa tese foi desenvolver nanoparticulas de organogel contendo curcumina, utilizando microemulsões (10- 100 nm) como sistema template para redução e uniformidade do tamanho de partículas. Para isso, inicialmente foram desenvolvidos estudos para avaliar a solubilidade da curcumina em tensoativos, fase oleosa e diferentes combinações de suas misturas. Em seguida, foi desenvolvido um diagrama de fases pseudoternário pelo método de titulação com água para obtenção das regiões de microemulsão (ME). Uma composição óleo-em-água (O/A) com menor concentração de tensoativos e fase oleosa satisfatória para aprisionamento da curcumina foi selecionada. Este fármaco, foi aprisionado no momento da fabricação da ME. As MEs foram caracterizadas quanto a distribuição do tamanho de gotículas, condutividade elétrica, tensão superficial, reologia, morfologia e perfil térmico. A eficiência de aprisionamento (EE) foi determinada por cromatografia liquida de ultra eficiência. Adicionalmente, verificou-se a estabilidade das MEs a longo prazo e em fluido gastrointestinal simulado (FGIS). Por fim, a cinética de liberação da curcumina em FGIS também foi avaliada. Após esta avaliação, diferentes concentrações de estruturante de baixo peso molecular foram inseridas na fase oleosa da ME, avaliando dois métodos de produção, de alta e baixa energia. As dispersões obtidas foram caracterizadas inicialmente por turbidimetria e distribuição do tamanho hidrodinâmico de partícula. As dispersões, e seu respectivo método selecionado, foram caracterizadas complementarmente quanto ao potencial zeta, morfologia, tensão superficial e reologia. Em adição, a estabilidade ao longo do tempo e em FGIS foram verificadas. Adicionalmente, as NPs adequadas à administração oral foram utilizadas para o aprisionamento da curcumina (Curc-ME-Org-NPs). Estas foram caracterizadas quanto a estabilidade físico-química (armazenamento e em FGIS), morfologia, reologia, % EE e cinética de liberação. Finalmente, Curc-ME-Org-NPs apresentaram forma esférica (com presença de uma coroa de tensoativos) com tamanho hidrodinâmico médio de 22 nm, distribuição monomodal, carga de superfície negativa, perfil newtoniano e baixa tensão superficial, características semelhantes a ME template. Curc-ME-Org-NPs apresentou alta eficiência de aprisionamento, estabilidade físico-química ao longo do tempo e em FGIS. Ademais, revelou cinética de liberação modificada com melhor ajuste para modelos representados por mecanismo de liberação complexo, porém com presença de difusão. Diante disto, Curc-ME-Org-NPs revelou-se um potencial carreador destinado a via oral com estabilidade e biodisponibilidade oral in vitro atestada.