Desenvolvimento de Sistemas Terapêuticos para Leishmaniose Cutânea
Anfotericina B; leishmaniose; microemulsão; pele; estabilidade
Esta tese é parte dos esforços do grupo para desenvolver alternativas terapêuticas contendo anfotericina B (AmB) para o tratamento da leishmaniose. Uma vez que a instabilidade da AmB, quando presente em meio aquoso, é um mecanismo complexo, dependente de fatores como o estado de agregação, grau de ionização (pKa) e pH do meio, o primeiro capítulo objetivou determinar os valores de pKa através do gráfico de Bjerrum, auxiliando na compreensão dos mecanismos envolvidos na instabilidade da AmB em soluções hidroalcoólicas, fornecendo subsídio para a elaboração de um modelo matemático com adequada capacidade preditiva e explanatória. O segundo capítulo objetivou avaliar os perfis cinéticos de liberação da AmB contida em sistemas poliméricos com distinta geometria (fibras e filmes) e composição (poli(álcool vinílico) (PVA) e poli(ácido lático) (PLA)), e correlacionar tais perfis com os parâmetros termodinâmicos. Os dados demonstraram que a liberação se apresentou como um processo endotérmico e não-espontâneo, com as fibras e filmes ajustando-se ao modelo de Peppas–Sahlin and Higuchi respectivamente. Dos sistemas avaliados os hidrogéis de PVA foram os que demonstraram melhor controle na liberação e foram escolhidos para compor o terceiro capítulo, onde suas propriedades como potencial sistema terapêutico foram avaliadas in vitro. Os resultados demonstraram que o sistema foi capaz de controlar a permeação ao vapor d’agua em níveis compatíveis com a pele em seu estado fisiológico, e simultaneamente apresentou eficiente atividade antifúngica e leishmanicida, sem apresentar citotoxicidade potencial para células VERO. No capítulo quatro são apresentados os resultados obtidos no desenvolvimento e avaliação de microemulsões (ME) termorresponsivas contendo AmB. Foi possível observar que ME desenvolvida possibilitou a retenção dérmica da AmB, e que a instabilidade causada por termodesestabilização da foi atenuada ao incorporar o poloxamer 407 ao sistema. Assim, os resultados aqui obtidos demonstram que os hidrogéis de PVA e as ME termorresponsivas são potenciais sistemas a serem usados no tratamento tópico ambulatorial da leishmaniose tegumentar americana.