PANORAMA DA PRODUÇÃO DE LEITE BOVINO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE ENTRE OS ANOS DE 2010 A 2020: DADOS QUANTITATIVOS E QUALITATIVOS
Bovinocultura, Produção Animal, Nordeste, Semiárido.
Neste estudo objetivou-se caracterizar a produção de leite no Estado do Rio Grande do Norte e as características qualitativas e quantitativas do leite. Em relação à produção do leite foram utilizados os dados disponíveis na página eletrônica do IBGE referentes à produção de leite por município, microrregiões e mesorregiões potiguares no período entre os anos de 2010 a 2020. Dois modelos matemáticos foram utilizados para o calculo da flutuação da produção de leite (litros/ano) durante o período analisado. O primeiro modelo considerado foi calculado pela diferença entre as produções de leite dos anos 2020 em relação a 2010 e esta diferença multiplicada por 100. Valores acima de 100 indicam crescimento de produção enquanto que valores inferiores a 100 indicam decréscimo na produção de leite entre os dois anos, sendo que valores iguais a 100 indicam que não houve alteração na produção. O segundo modelo matemático empregado foi a taxa média anual de crescimento (TMAC), que é calculada como a diferença observada entre um determinado ano e o ano imediatamente anterior, sendo tal valor dividido pela produção do ano anterior, de modo que todos os anos entre 2010 e 2020 tiveram seus valores computados para o cálculo da TMAC. No primeiro modelo, alguns municípios potiguares tiveram crescimento, quando comparados como ano de referência dados de produção de leite no ano de 2020 em relação à produção no ano de 2010, superior a 300% (Parazinho, Tenente Laurentino Cruz, São Bento do Norte, Itajá, Jardim de Piranhas e Baia Formosa, localizados respectivamente nas mesorregiões Agreste, Central, Central, Oeste, Central e Litoral). Por outro lado, os maiores decréscimos produtivos (produção em 2020 inferior a 60 % da produção de leite observada em 2010) foram verificadas nos seguintes municípios potiguares: Lagoa D’Anta, São Bento do Trairí, Coronel Ezequiel, Bodó, Tangará, São José do Campestre e Monte das Gameleiras, sendo que, com exceção de Bodó pertencente a mesorregião Central Potiguar, todos os outros municípios listados estão na mesorregião Agreste Potiguar. Observa-se que entre as 19 microrregiões norte-riograndense a única que teve aumento da produção de leite em todos os seus municípios foi a Seridó Ocidental quando comparados dados produtivos de 2020 com os verificados em 2010. Entre as mesorregiões potiguares, observou-se aumento percentual na produção na Central Potiguar (70,845), Oeste (15,85%) e decréscimo nas demais mesorregiões (Litoral, com queda da produção em 2,95%; Agreste, com diminuição na produção em 2,76%). Para verificar a estabilidade de produção no período, considerando todos os anos de produção de leite, o segundo modelo foi utilizado (taxa média anual de crescimento - TMAC).Neste caso, todas as oscilações observadas na produção de leite entre os anos do período foram consideradas. Como resultado neste modelo, a seguinte ordem foi formada em relação a TMAC: Central (6,81%); Oeste (2,72%); Agreste (0,52%); e Litoral (0,14%). Neste modelo, duas das 19 microrregiões potiguares apresentaram TMAC superior a 10%: Serra de Santana, mesorregião Central com 10,78% e Vale do Açu, mesorregião Oeste com 10,69%. O maior decréscimo ficou para a microrregião Natal (-10,64% ao ano), localizada na mesorregião Litoral. Além do banco de dados do IBGE, foi utilizado informações de qualidade e constituintes do leite fornecidos pelo LABOLEITE/UFRN. Deste banco de dados feitas análises descritivas e de correlação entre as características. As variáveis analisadas foram: Gordura (n=1.154, média + desvio-padrão 3,82 + 0,86), Proteína (n=1.205, média + desvio-padrão 3,34 + 0,25), Lactose (n=1.282, média + desvio-padrão 4,56 + 0,32), Caseína (n=735, média + desvio-padrão 4,48 + 3,23), Sólidos Totais (n= 1.279, média + desvio-padrão 12,94 + 1,55), Extrato Seco Desengordurado (n= 1.276, média + desvio-padrão 8,85 + 0,48), Contagem de Células Somáticas - CCS (n=1.277, média + desvio-padrão 515,49 + 323,47) Contagem Bacteriana Total - CBT (n= 902, média + desvio-padrão 669,89 + 792,95), Nitrogênio Uréico – NU ( n=1.289, média + desvio-padrão 11,99 + 4,42) e Percentual de Caseína (n=737, média + desvio-padrão 58,28 + 32,26). Todas as variáveis tiveram correlações significativas, com exceção de proteína com caseína, proteína e CCS, Proteína e CBT, Proteína e NU, Sólidos Totais e CCS. As maiores correlações positivas foram entre gordura e sólidos totais (0,94), Proteína e Extrato Seco Desengordurado (0,75), Lactose e Extrato Seco Desengordurado (0,65),Gordura e Caseína (0,63). Entre as correlações negativas foram entre Caseína e NU (-0,72), Caseína e CBT (-0,51), CBT e NU (-0,49), Sólidos Totais e NU (-0,37) e Lactose e NU (-0,35). Conclui-se que em relação houve diferença no desenvolvimento da produção de leite entre as mesorregiões, microrregiões e municípios do Estado do Rio Grande do Norte. O uso de modelo matemático mais abrangente como é o caso da Taxa Média Anual de Crescimento mostrou ser mais indicado do que o modelo que utilizou apenas dados do ano inicial e do ano final como referência para o calculo do crescimento/decréscimo da produção de leite. Em relação aos dados de qualidade e constituintes do leite, conclui-se que os dados indicam que os mesmos estão dentro do esperado para atender a qualidade e em termos de constituição de leite bovino.