PALMA FORRAGEIRA ASSOCIADA A DIFERENTES FONTES DE FIBRA NA DIETA PARA CABRITOS EM CONFINAMENTO
bagaço de cana, capim elefante, caprinocultura, carne caprina, fibra efetiva
Nos sistemas de produção de leite caprino, os cabritos geralmente recebem manejo e nutrição deficiente, dada a pouca contribuição que dão ao faturamento da propriedade e, desta forma, tem-se o mau aproveitamento de uma potencial fonte de proteína de origem animal de qualidade. Neste sentido, objetivou-se avaliar o desempenho, consumo e digestibilidade dos nutrientes, comportamento ingestivo e as características de carcaça de cabritos de origem leiteira mantidos em confinamento. Foram utilizados 24 animais (12 inteiros e 12 castrados), com peso inicial médio de 18,5 ± 3,8 kg, alimentados durante 70 dias com dietas a base de palma forrageira, recebendo bagaço de cana-de-açúcar (PBCA) ou feno de capim-elefante (PFCE) como fontes de fibra, com dietas formuladas para possuírem quantidades semelhantes de fibra em detergente neutro (FDN). O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado num arranjo fatorial 2 x 2, com duas condições sexuais, duas fontes de fibra e seis repetições por tratamento, totalizando 24 parcelas. Foram realizadas análises de variância para a condição sexual e fonte de fibra e, quando necessário, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível 5%. Não houve diferença estatística para os consumos de matéria seca (CMS), consumo de proteína bruta (CPB) e consumo de FDN (CFDN) avaliados, com médias de 567 e 670 g/dia, 78 e 88 g/dia e 219 e 258 g/dia, para o PBCA e PFCE, respectivamente, entretanto, foram constados maiores consumos de carboidratos não-fibrosos (CCNF) pelos animais que consumiram a dieta contendo feno de capim-elefante (247 g/dia). Maiores coeficientes de digestibilidade para matéria seca (DMS), proteína bruta (DPB) e carboidrato não-fibrosos (DCNF), foram constatados para o tratamento PBCA, com médias de 66,12, 74,26 e 91,94%, respectivamente, quando comparada a 62,88, 70,95 e 83,07%, respectivamente, para o PFCE. A digestibilidade da FDN não variou de acordo com os tratamentos. Houve efeitos da interação para o consumo de nutrientes digestíveis totais (NDT), com maiores resultados para os animais inteiros que consumiram a dieta PFCE (471 g/dia). No que se refere ao desempenho, não foram detectadas diferenças para as variáveis analisadas, com médias para peso final (PF) de 22,40 e 22,95 kg, ganho médio diário (GMD) 55 e 71 g/dia, ganho total (GT) 3,89 e 4,92 kg e conversão alimentar (CA) de 11,59 e 10,02, para os tratamentos PBCA e PFCE, respectivamente. Em relação ao comportamento ingestivo, houve diferença para os tempos de ócio, ruminação e tempo de mastigação total, com tempos médios de 1812,20 e 1539,00 minutos, 865,62 e 1100,58 minutos, 202,17 e 240,43 minutos, respectivamente para PBCA e PFCE, mas não houve efeito para as eficiências de alimentação e ruminação avaliadas. No tocante as características de carcaça, foram observadas diferenças estatísticas para peso da carcaça quente (PCQ) e peso da carcaça fria (PCF), com médias de 9,87 e 10,79 kg, 9,69 e 10,52 kg, para PBCA e PFCE, respectivamente, e para os rendimentos da carcaça quente (RCQ), rendimento comercial (RC) e rendimento biológico (RB), com médias de 43,81 e 46,87%, 42,90 e 45,73%, e 55,32 e 59,76% para PBCA e PFCE, respectivamente. O peso final (PF), peso corpóreo vazio (PCV), pH e temperatura da carcaça não se mostraram diferentes estatisticamente. Verificou-se efeito da condição sexual para o PCQ e PCF, com médias de 10,80 e 9,86 kg e 10,56 e 9,64 kg, para inteiros e castrados, respectivamente, bem como interação significativa entre as fontes de variação, com maiores valores para os animais inteiros do tratamento PFCE, com médias de 11,76 e 11,48 kg para o PCQ e PCF, respectivamente. Em relação aos cortes cárneos, houve influência da dieta sobre o peso do pernil (1,526 e 1,679 kg, para os tratamentos PBCA e PFCE, respectivamente), bem como efeito da condição sexual sobre os pesos de pescoço e costelas, com médias de 654 e 500 g e 900 e 752 g, para inteiros e castrados, respectivamente, assim como maior rendimento do pescoço para os animais inteiros (11,91%). As medidas morfométricas foram influenciadas pela dieta, com média para o índice de compacidade da carcaça sendo 0,160 e 0,173, para os tratamentos PBCA e PFCE, respectivamente, com interação significativa e maiores medidas para os animais inteiros que consumiram a dieta a base de feno de capim-elefante (0,18). Os pesos e rendimentos da buchada e panelada não foram alterados. Recomenda-se, como alternativa para o confinamento de caprinos de origem leiteira, o uso do feno de capim elefante associado à palma forrageira, sem aplicar a prática da castração.