No jogo da interação: jovens infratores e outros atores
Juventude; Medidas Socioeducativas; Interação; Escola.
Este trabalho tem como objetivo analisar as interações que se estabelecem no ambiente escolar entre os sujeitos que o compõe, e os jovens em cumprimento de medidas socioeducativas, que vivenciam a segregação, rejeição, discriminação. Tais vivências são tratadas nesta pesquisa como resultado de um processo maior: a negação do outro. Tal processo desembocando sobre a população pobre como um todo e recaindo sobre os jovens que passam a sofrer com a discriminação e a criminalização, numa sociedade que sempre subjulgou esta parcela social. Para esta população, destinam-se políticas de punição e repressão, tornando os jovens desse contingente os alvos da “vontade punitiva”, o que os transforma em “suspeitos sociais”. Os jovens considerados, em nossa pesquisa, são aqueles moradores da periferia de Fortaleza-CE, mais especificamente, os do bairro Bom Jardim, sendo a escola selecionada dessa localidade. Neste trabalho, analisa-se, também, a “trajetória punitiva” que o jovem infrator percorre até chegar à escola. Para tanto, a pesquisa inicia-se junto a Promotoria e ao Juizado da Infância e da Juventude, onde se pretendeu compreender se o processo de negação do “outro”, representado na imagem do jovem infrator, repercute nas instituições punitivas. Através do método etnográfico, esses espaços – Promotoria, Juizado e escola – foram objetos de análises. Quanto aos resultados obtidos, até o momento, vemos que os processos que se produzem no corpo social – de negação, de criminalização e de rejeição do “outro” – são incorporados e reproduzidos nas instituições, visto que os indivíduos carregam consigo seus “territórios” e seus (pré) conceitos.