O impacto das intervenções não farmacêuticas governamentais em cidades brasileiras durante o primeiro surto pandêmico de SARS-CoV-2: Um estudo de modelagem computacional baseado em agentes na cidade de Natal
SARS-CoV-2, Modelo epidemiológico baseado em agentes, Redes complexas, Natal-RN,
Intervenções governamentais não farmacêuticas.
A primeira onda da pandemia de síndrome respiratória aguda grave coronavírus 2 (SARS-
CoV-2) atingiu quase todas as cidades do Brasil no primeiro trimestre de 2020 e durou
vários meses. Apesar do esforço dos governos estaduais e municipais, uma resposta não
homogênea em todo o país resultou em um número de mortos entre os mais altos
registrados globalmente. Para avaliar o impacto das intervenções governamentais não
farmacêuticas aplicadas por diferentes cidades - como o fechamento de escolas e
empresas em geral - na evolução e propagação da epidemia de SARS-CoV-2, construímos
um modelo epidemiológico baseado em agentes ajustado às singularidades de cidades
isoladas. O modelo incorpora informações demográficas detalhadas, redes de mobilidade
segregadas por segmentos econômicos e leis de restrição promulgadas durante o período
pandêmico. Como estudo de caso, analisamos como a cidade de Natal - uma capital de
médio porte - reagiu à pandemia. Embora nossos resultados indiquem que a resposta
governamental foi efetiva, os atos restritivos de mobilidade salvaram muitas vidas, nossas
simulações mostraram que a paralização das atividades escolares foram fundamentais
para evitar um elevado número de óbitos (o aumento seria em torno de 452.71%). As
atividades trabalhistas aumentariam o número de óbitos em aproximadamente 1.73% e a
religiosa em torno de 5.9%. A falta de intervenção teria resultado num cenário catastrófico
de 16 mil óbitos, esse valor corresponde a cerca de 1.79% da população natalense. As
simulações mostram que uma análise compartimental dos cenários alternativos pode
informar os formuladores de políticas sobre as medidas mais impactantes para novos
surtos de pandemia e apoiar decisões futuras à medida que a pandemia avança.