ASSOCIAÇÃO DO ZINCO COM microRNA CIRCULANTES EM MULHERES COM RESISTÊNCIA À INSULINA
microRNA, resistência à insulina, zinco.
Os microRNAs (miRs) desempenham importante papel na regulação de múltiplos processos, incluindo vias de sinalização de insulina e metabolismo da glicose e na resposta inflamatória. O excesso ou deficiência de nutrientes podem modular a expressão de miRs e influenciar o risco para o desenvolvimento de doenças. A secreção prejudicada de insulina e o aumento da resistência à insulina desempenham um papel importante na patogênese de todos os tipos de diabetes mellitus. É muito importante avaliar a função das células β pancreáticas e a sua resistência/sensibilidade, já que a resistência à insulina (RI) é considerada a causa primária para o desenvolvimento do diabetes tipo 2. É reconhecido que o zinco exerce papel essencial no metabolismo da insulina e alterações na via de sinalização deste hormônio podem se associar com a deficiência deste mineral. No entanto, a relação de miRs relacionados ao metabolismo da glicose com o status de zinco no organismo não é clara. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a associação do zinco plasmático com a expressão do miR-191-5p, miR-188-5p, miR-145-5p e miR-143-3p em mulheres com resistência à insulina. Este estudo transversal comparativo foi realizado com 50 mulheres adultas/idosas entre 18 e 60 anos com sobrepeso e obesidade atendidas no Serviço de Endocrinologia e Metabologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. A classificação de RI foi realizada segundo os critérios de Stern. Foi realizada a avaliação da expressão de miRs circulantes, análise da concentração de zinco plasmático, perfil bioquímico, parâmetros inflamatórios e avaliação da composição corporal. 6% das participantes apresentaram níveis abaixo do valor de referência para deficiência de zinco no plasma (< 70µg/dL). Após a divisão dos valores do zinco plasmático abaixo ou acima de 90µg/dL, observou-se diferença significativa na concentração do fibrinogênio (p=0,016). Ademais, foi observada correlação positiva do zinco plasmático com a concentração sérica de HDL-c (rho=0,279; p=0,050), e correlação negativa com o miR-191-5p (rho=-0,428; p=0,002), miR-145-5p (rho=-0,384; p=0,006), miR-143-3p (rho=-0,357; p=0,011). O miR-191-5p apresentou correlação positiva com o fibrinogênio (rho=0,298; p=0,036), e correlação negativa com a insulina (rho=-0,374; p=0,007) e HOMA-IR (rho=-0,296; p=0,037). O miR-188-5p apresentou correlação positiva com o HDL-c (rho=0,307; p=0,040) e correlação negativa com a insulina (rho=-0,326; p=0,029). O miR-145-5p apresentou correlação negativa com o perímetro da cintura (rho=-0,282; p=0,049), VAI (rho=-0,286; p=0,047), insulina a (rho=- 0,342; p=0,015), IL-1β (rho=-0,380; p=0,006), IL-6 (rho=-0,400; p=0,004) e IFN-γ (rho=-0,328 p=0,020). O miR-143-3p apresentou correlação negativa com a insulina (rho=-0,452; p=0,001), HOMA-IR (rho=-0,327; p=0,021) e IL-6 (rho=-0,334; p=0,018). No modelo ajustado da regressão logística, a alta expressão do miR-191-5p (OR = 0,06; p = 0,012) foi inversamente associada à concentração de zinco. Na análise de enriquecimento funcional realizada com a lista dos genes alvo, os termos da ontologia gênica (Gene Ontology - GO) foram enriquecidos significativamente. Diante disso, o presente estudo identificou uma possível interação epigenômica do zinco nos processos biológicos envolvidos na RI, com importância na sua utilização para intervenções medicamentosas, dietéticas ou de monitoramento dos efeitos adversos associados a concentração plasmática de zinco.