Expressão diferencial de microRNA e sua associação entre micronutrientes plasmáticos e biomarcadores inflamatórios em mulheres com excesso de peso e hiperglicemia
microRNA, hiperglicemia, inflamação, micronutrientes, excesso de peso
A hiperglicemia tem importância no desenvolvimento e na manutenção da inflamação crônica e do estresse oxidativo em indivíduos com excesso de peso e é fator de risco para doenças cardiovasculares, síndrome metabólica e complicações decorrentes do diabetes mellitus tipo 2. Nutrientes com ação anti-inflamatória e antioxidante importantes podem interagir com o genoma, modulando a sua expressão, resultando em alterações no fenótipo e nos marcadores de risco para doenças crônicas. Essa interação permite a modulação da expressão de microRNA (miRNA), os quais são importantes para a regulação de diversos processos fisiológicos ou patológicos, como a hiperglicemia. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi identificar miRNA diferencialmente expressos em mulheres com excesso de peso e com hiperglicemia e sua associação com biomarcadores inflamatórios e micronutrientes plasmáticos. Trata-se de um recorte transversal comparativo derivado de estudo com 72 mulheres entre 18 e 60 anos e IMC ≥ 25,0kg/m². Em amostras de plasma foram avaliadas a concentração de zinco, selênio e manganês, bem como a glicemia e insulina de jejum, a expressão de miRNA, perfil inflamatório e leptina. A resistência à insulina foi avaliada por meio do cálculo dos índices HOMA-IR e HOMA-β. A maioria das participantes não apresentou hiperglicemia (68,1%). O miR-29a-3p, miR-150-5p e o miR-548c-5p encontravam-se hiper-expressos nas mulheres hiperglicêmicas em comparação com as normoglicêmicas. Foi observada correlação positiva entre a expressão do miR-150-5p e a concentração de IL-10 (rho=0,348; p=0,030) e correlação negativa com a leptina (rho=-0,331; p=0,040), bem como correlação negativa entre a expressão do miR-548c-5p e o HOMA-IR (rho=-0,424; p=0,022) e HOMA-β (rho=-0,463; p=0,011) nas mulheres normoglicêmicas. O miR-29a-3p e miR-548c-5p foram associados positivamente com a hiperglicemia (OR=2,34; p=0,024 e OR=109,71; p=0,016, respectivamente). Não foram identificadas diferenças para as concentrações de zinco, selênio e manganês no plasma entre as mulheres com e sem hiperglicemia, bem como correlações entre estes micronutrientes e os miRNA hiper-expressos. A análise de enriquecimento da via dos genes alvos identificou que estes miRNA estão potencialmente relacionados ao metabolismo glicêmico, à fisiopatologia da hiperglicemia e diabetes ou complicações da doença. Diante disso, entende-se que estes miRNA têm o potencial de serem utilizados como biomarcadores de hiperglicemia e suas complicações, além de poderem estar envolvidos com a ativação de vias inflamatórias nestas pacientes. Além disso, os resultados deste estudo sugerem que os micronutrientes zinco, selênio e manganês parecem não estar relacionados com a expressão destes miRNA.