Efeito de filmes de quitosana e bentonita na conservação pós-colheita de banana prata (Musa spp.)
Polissacarídeos; revestimentos comestíveis; qualidade pós-colheita; frutos; argila.
A bananicultura, no Brasil, desempenha papel econômico importante e a banana é o fruto mais consumido no Brasil e no mundo. Entretanto, cerca de 40% da produção é perdida devido ao rápido amadurecimento. Estudos com revestimentos comestíveis à base de polímeros biodegradáveis, como a quitosana, são importantes para prolongar a vida útil de frutos. Esse trabalho objetivou avaliar a conservação pós-colheita de banana prata revestida com coberturas biopoliméricas e argilo-biopoliméricas. A primeira etapa caracterizou os filmes e a segunda avaliou a conservação pós-colheita das bananas revestidas com os revestimentos de melhores características físicas. Foram elaborados e caracterizados seis filmes: três biopoliméricos, com concentrações de quitosana a 0,5, 1,0 e 1,5% e concentração fixa de glicerol (15%), e três argilo-biopoliméricos, elaborados com a adição da bentonita (0,2%) às formulações dos filmes biopoliméricos - FBP1, FBP2 e FBP3; FABP1, FABP2 e FABP3, respectivamente. Os filmes foram analisados quanto a morfologia, composição química, microestrutura da superfície, disposição da bentonita na matriz polimérica, decomposição térmica e permeabilidade ao vapor de água. A avaliação da conservação pós-colheita dos frutos revestidos realizou-se com análise físicoquímicas, físicas, microbiológicas e sensoriais, além dos registros fotográfico e de incidência de doenças, durante 11 dias de armazenamento a temperatura ambiente. A caracterização dos filmes evidenciou maior uniformidade superficial nos filmes biopoliméricos e presença de rugosidades na superfície dos argilo-biopoliméricos, atestou a presença da bentonita nos filmes argilo-biopoliméricos e evidenciou material predominantemente amorfo sem alterações perceptíveis com a inserção da bentonita. Foram observadas bandas vibracionais características de ligações e de grupos existentes na quitosana, nos filmes biopoliméricos, além daquelas características de ligações e grupos existentes na estrutura da bentonita, nos filmes argilobiopoliméricos. A adição de argila resultou em maior formação de resíduo após decomposição térmica do material e potencializou a propriedade de barreira contra a permeabilidade de vapor de água. O filme argilo-biopolimérico com maior concentração de quitosana apresentou maior espessura, menor permeabilidade ao vapor de água e menor perda de massa relacionada à decomposição térmica do polímero. As bananas foram revestidas com coberturas de quitosana a 1,0%, sem (BP1,0%) e com argila (ABP1,0%) e de 1,5%, sem (BP1,5%) e com argila (ABP1,5%) e comparadas ao grupo controle. As bananas do grupo BP1,5% apresentaram conteúdo de sólidos solúveis totais e de acidez significativamente menores (p < 0,05) que o controle. Os grupos BP1,5% e ABP1,5% apresentaram razão polpa/casca significativamente (p < 0,05) menor que o controle, e maiores valores de firmeza a partir do terceiro dia de armazenamento. Os resultados mostraram que os grupos ABP1,5% e BP1,5% não só retardaram o amadurecimento, mas aumentaram a vida útil pós-colheita das bananas em 2 e 4 dias, respectivamente; resultados que corroboram com os registros fotográficos. Verificou-se que BP1,5% manteve as bananas com contagem de bolores e leveduras dentro dos padrões microbiológicos, durante todo o armazenamento. Os revestimentos não alteraram as características sensoriais da banana. Portanto, as coberturas de quitosana a 1,5%, com e sem carga de bentonita, foram mais eficientes em retardar o amadurecimento e prolongar a vida útil das bananas.