Associação entre os hábitos alimentares e as concentrações séricas das vitaminas A e E com os preditores de prognóstico histopatológico do carcinoma papilífero da tireoide.
Neoplasias da glândula tireoide; miRNA; consumo de alimentos; vitamina A; vitamina E.
O câncer da glândula tireoide (CT) é o câncer mais comum do sistema endócrino. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA) esta neoplasia deverá atingir 9610 pessoas no Brasil até o final de 2018, esperando-se que o maior número de casos na região nordeste ocorra, no Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. O carcinoma papilífero da tireoide (CPT) corresponde a cerca de 70% dos casos de CT e as diferentes incidências desse tipo câncer nas diversas partes do mundo, sugerem que os fatores etiológicos modificáveis podem desempenhar um papel importante na carcinogênese do CT. Alterações na expressão de microRNAs (miRNAs) podem fazer parte dos fatores de risco do CT, assim como o consumo frequente de alguns alimentos e o status bioquimíco das vitaminas A e E, também podem consistir em potenciais marcadores de risco para gênese e evolução da doença. Desse modo, esse estudo buscou compreender o conhecimento atual sobre a modulção induzida pelas vitaminas A e E na expressão de miRNAs no CT, e as associações entre os hábitos alimentares e concentrações séricas das vitaminas A e E com os fatores de prognóstico histopatológico do CPT. Para tanto, foi realizado uma revisão sistemática seguindo as diretrizes “The Prisma”, bem como a investigação dos hábitos alimentares pré-diagnósitco, por meio do Questionário de Frequência Alimentar (QFA) desenvolvido pelo estudo Elsa-Brasil , e dosagens séricas das concentrações das vitaminas A e E, através de cromatografia líquida, em 3 momentos, sendo 1 pré e 2 pós tireoidectomia, em pacientes com CPT. Os resultados mostraram que os registros sobre alterações na expressão de miRNAS induzidas pelas vitaminas A e E no CT são escassos, no entanto, a vitamina A parece ser relevante na modulação de miRNAs em outros tumores. Além disso, o consumo alimentar semanal > 1x/semana de cuscuz/farofa e/ou margarina/creme vegetal pode aumentar o risco de pacientes com CPT apresentarem extensão extratireoideana (p=0,021 e 0,004 respectivamente), bem como a ingestão de carne bovina superior a 1x/semana pode aumentar risco de presença de extensão extratireoideana (p=0,040) e mestástases linfonodais (p=0,046). No que diz respeito as as concentrações séricas das vitaminas A e E, níveis séricos reduzidos de vitamina A podem estar associados a presença de invasão angiolinfática, metástases linfonodais (p=0,027 e 0,015 respectivamente) e pacientes com extensão extratireoideana ou invasão angiolinfática tendem a apresentar concentrações de vitamina E pós tireoidectima mais reduzidas em relação a pré-operatório. Deste modo, concluímos que estudos futuros sobre a modulação de miRNA’s em CT induzida pela vitamina A e E são necessários. E sugerimos que tanto o consumo alimentar quanto o status da vitaminas A e podem ser relevantes na predição de desfechos histopatológicos do CPT.