Toxicidade em pacientes com câncer no trato gastrointestinal durante a quimioterapia: Associações com sarcopenia e caquexia
Sarcopenia. Caquexia. Qualidade Muscular. Toxicidade quimioterápica. Estado nutricional. Câncer gastrointestinal.
A quimioterapia é um tratamento sistêmico, de grande relevância para o paciente oncológico, no entanto, passível de ocasionar uma série de eventos adversos, denominado toxicidades. Na avaliação do estado nutricional deste paciente, a sarcopenia e a caquexia vêm sendo associados a diversos prognósticos desfavoráveis, dentre eles, uma maior toxicidade durante a quimioterapia. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da presença de sarcopenia e caquexia, assim como do estado nutricional e capacidade funcional prévios, na ocorrência de toxicidades dos pacientes durante os três primeiros ciclos de tratamento quimioterápico para neoplasias do trato gastrointestinal. Como metodologia, realizou-se um estudo prospectivo com pacientes iniciando primeiro ciclo de quimioterapia. A graduação de toxicidade hematológica e gastrointestinal e a presença de dose limite de toxicidade (DLT) foram avaliadas de acordo com os critérios do NCI - Common Toxicity Criteria. A capacidade funcional foi avaliada através da força de preensão palmar (dinamometria) e da escala de desempenho ECOG. Para avaliação da quantidade e qualidade muscular, utilizou-se o índice de massa muscular, através da avaliação da composição corporal pela imagem da tomografia computadorizada da região lombar, com mensuração das áreas seccionais da porção L3 (cm2/m2) e classificação conforme pontos de cortes específicos. Foram classificados sarcopênicos aqueles pacientes com baixa muscularidade e baixa força de preensão palmar (dinapenia). O diagnóstico de caquexia foi realizado de acordo com Consenso atual, baseado na perda involuntária de peso na ausência de anorexia associado com presença de sarcopenia. Para associações entre sarcopenia, caquexia, estado nutricional e capacidade funcional com DLT, foram utilizados os modelos de regressão univariada e multivariada. As associações foram testadas com o teste qui-quadrado ou Exato de Fisher. Os resultados incluíram sessenta pacientes, com maior prevalência do sexo masculino (55%) e média de idade de 60 anos. Ao início do estudo, a maioria dos participantes apresentavam estado nutricional adequado e boa capacidade funcional (85%) pelo ECOG. Durante a quimioterapia, pacientes sarcopênicos apresentaram significativamente maiores graus de toxicidade em anorexia (p=0,045), náusea (p=0,044) e leucopenia (0,036). Nos caquéticos, níveis significativos superiores de toxicidades foram encontrados para náusea (p=0,026) e anorexia (0,013 e 0,028 no primeiro e segundo ciclo, respectivamente). Na análise de regressão apenas a caquexia e o ECOG apresentaram associações significativas. Em conclusão caquexia e Escala ECOG foram preditores de risco para toxicidades em pacientes com câncer do trato gastrointestinal durante tratamento quimioterápico.