1. Estudo epidemiológico da esporotricose humana e animal em Natal, RN, Brasil.
Esporotricose; epidemiologia
A esporotricose é uma micose subaguda ou crônica causada, na maior parte dos casos, por implantação traumática do fungo Sporothrix sp. na pele. A doença vem se tornando um problema de saúde pública em Natal, Rio Grande do Norte (RN), Brasil, em razão do aumento significativo de casos em felinos e em humanos. No entanto, ainda faltam medidas estratégicas efetivas de controle e prevenção para conter a hiper endemia que ocorre em Natal e no RN. Este trabalho teve como objetivo estudar, no recorte temporal e espacial, a ocorrência da esporotricose animal e relacionar a ocorrência de casos humanos registrados e informar aos órgãos públicos sobre a necessidade de políticas públicas para melhoria no diagnóstico clínico, laboratorial, prevenção e controle dessa infecção em felinos. No período de abril 2022 a maio de 2023 foram realizados na Unidade de Vigilância de Zoonose de Natal 233 exames para diagnósticos da esporotricose em felinos. Sendo 81 casos positivos, 38 negativos e 71 inconclusivos para esporotricose. Foram escolhidas duas técnicas, a análise citológica e micológica. Os principais sintomas apresentados pelos animais examinados foram: úlcera de pele, queda de pelos, espirros, tosse, secreção nasal e respiração ofegante. A maioria dos casos (60%) foram registrados na zona norte de Natal, seguido das zonas oeste e sul. Este trabalho contribuiu para a descrição da dinâmica da esporotricose humana e animal em Natal, no âmbito espacial e temporal, utilizando dados oficiais de notificação municipal que até agora foram pouco explorados na literatura. Comparar os padrões de casos humanos e animais possibilitou discutir suas relações e evidenciou deficiências em relação à vigilância dos casos nas duas populações, principalmente a animal. A notificação compulsória dos casos animais precisa ser mais difundida entre os médicos veterinários e o seu fluxo facilitado e bem definido, visando uma maior adesão a essa importante medida de vigilância. A utilização de ferramentas digitais pode ser uma maneira eficiente de diminuir a subnotificação dos casos, mas precisa ser acompanhada de treinamento dos profissionais e de vigilância ativa.