Monitoramento da infecção por citomegalovírus em pacientes submetidos a transplante renal
CMV. Nested-PCR. Transplante renal.
A infecção por citomegalovírus (CMV) é uma importante complicação após o transplante renal. O uso de imunossupressores na prevenção de rejeição pode desencadear mudanças no comportamento de agentes infecciosos, como, o CMV, sendo importante o desenvolvimento de medidas preventivas, como o rastreio sorológico pré-transplante, tratamento profilático ou o seguimento viral pós-transplante, para limitar o impacto clínico deste vírus. O objetivo do estudo foi monitorar a infecção por citomegalovírus em pacientes submetidos a transplante renal no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), Natal, Rio Grande do Norte. No estudo prospectivo foram incluídos pacientes, que realizaram transplante renal no HUOL no período de 2013 a 2016. Amostras de sangue periférico foram coletadas nas 2ª, 4ª, 8ª, 12ª e 24ª semanas após o transplante. O DNA viral foi extraído de acordo com o protocolo do kit QIAamp DNA e a detecção molecular do CMV foi realizada pela nested-PCR. Para a padronização da curva padrão da PCR em tempo real foi clonado um fragmento do gene major immediate early do CMV. Foram coletadas 475 amostras de 95 pacientes, 62,1% do sexo masculino e 37,9% do sexo feminino, com mediana de idade de 39 anos (12-79 anos). O transplante foi realizado com doador cadáver em 85,3% dos casos. No pré-transplante, 88,4% dos pacientes apresentaram IgG anti-CMV. Cinquenta (52,6%) pacientes apresentaram infecção ativa pelo CMV em pelo menos uma coleta durante o monitoramento. O DNA do CMV foi detectado em 9,5% dos pacientes na 2ª semana, 13,7% na 4ª semana, 27,4% na 8ª semana, 21,1% na 12ª semana e 9,5% na 24ª semana após o transplante. Correlacionando o status sorológico com a detecção molecular, 84% dos pacientes com infecção viral foram D+/R+, 10% D+/R-, 4% D-/R+ e 2% D-/R-.
Vinte e oito pacientes que apresentaram infecção ativa por CMV foram sintomáticos, sendo doença gastrointestinal (64,3%) o sintoma mais frequente, seguido por febre, disúria, mialgia e leucopenia. Nossos resultados demonstraram uma elevada detecção molecular do CMV em receptores de transplante renal, associado ou não com manifestações clínicas.