SAÚDE CARDIOVASCULAR IDEAL DE CORREDORES RECREATIVOS PARTICIPANTES DE PROVAS DE 5 KM, 10 KM E MEIA MARATONA: UM ESTUDO TRANSVERSAL
doença cardiovascular, atividade física, corrida, maratona
Introdução: A saúde cardiovascular ideal (SCI) inclui quatro métricas comportamentais (tabagismo, atividade física, índice de massa corporal e dieta) e três biológicas (pressão arterial, colesterol e glicose). Embora a corrida esteja associada a importantes benefícios cardiovasculares, há evidências limitadas sobre o perfil de saúde cardiovascular (SCV) de corredores recreativos participantes de provas de corrida de rua.
Objetivo: Avaliar o perfil de SCV de corredores recreativos que participaram de um grande evento de corrida de rua no Brasil e explorar fatores sociodemográficos e relacionados à saúde associados.
Métodos: Análise transversal com dados autorreferidos de corredores recreativos adultos participantes das provas de 5 km, 10 km e meia maratona em um evento de corrida de rua brasileiro. As métricas de SCV foram categorizadas como ideais ou não, e os escores gerais classificados como “ideal” (≥5 métricas), “intermediário” (3-4) ou “ruim” (≤2). As associações com variáveis sociodemográficas (idade, sexo, renda, escolaridade) e de saúde (autopercepção de saúde e tempo desde a última consulta médica) foram analisadas por testes do qui-quadrado e modelos de regressão de Poisson multivariados.
Resultados: Um total de 520 corredores foi incluído na análise final (64,2% entre 18-44 anos; 41,2% mulheres; 5 km: n = 118; 10 km: n = 167; meia maratona: n = 235), com 74,4% classificados como tendo SCV “ideal”, 24,1% “intermediária” e 1,6% “ruim”. Apenas 7,7% atenderam às quatro métricas comportamentais, enquanto 70% atingiram as três métricas biológicas. As maiores prevalências foram observadas para não tabagismo, prática de atividade física e níveis normais de pressão arterial, colesterol e glicose (81,1% a 99,0%). O índice de massa corporal ideal (50,6%) e a dieta saudável (13,5%) foram menos frequentes. A prevalência de escores ideais de SCV variou conforme idade, sexo, renda, escolaridade, autopercepção de saúde e tempo desde a última consulta médica, mas não entre os diferentes tipos de corrida (5 km, 10 km e meia maratona). Nos modelos ajustados, maior renda esteve associada a melhores escores gerais e comportamentais de SCV, enquanto idade mais jovem e melhor autopercepção de saúde se associaram a métricas biológicas mais favoráveis.
Conclusão: De forma geral, os corredores recreativos participantes de um grande evento de corrida de rua no Brasil apresentaram um perfil de SCV favorável segundo o modelo de SCI. No entanto, apenas cerca de 50% e 15% dos participantes tinham índice de massa corporal e dieta ideais, respectivamente. Além disso, as disparidades observadas entre subgrupos sociodemográficos reforçam a necessidade de estratégias direcionadas para identificar corredores recreativos com maior risco cardiovascular.