ESTUDO SOBRE A CAPACIDADE ANTIOXIDANTE TOTAL E INGESTAO DE POLIFENOIS DA DIETA DE INDIVIDUOS COM SINDROME METABOLICA
Síndrome metabólica; consumo alimentar; compostos fenólicos; antioxidantes; compostos bioativos.
A síndrome metabólica (SM) é um distúrbio complexo relacionado a alteração nos componentes inclusos no diagnóstico, que compreende triglicerídeos (TG), pressão arterial (PA), circunferência da cintura (CC), glicose de jejum (GJ) e lipoproteína de alta densidade (HDL-c). Polifenóis, compostos bioativos presentes em alimentos vegetais, desempenham um papel antioxidante e anti-inflamatório significativo, sendo fundamentais na modulação de mecanismos-chave da fisiopatologia da SM. Estudos indicam que a ingestão dietética de polifenóis (IDP) e a capacidade antioxidante total da dieta (CATd) estão associadas à melhora do perfil metabólico em diferentes populações. Este estudo teve como objetivo avaliar as associações entre a CATd, a IDP e suas principais classes (ácidos fenólicos, flavonoides, estilbenos e lignanas) com os componentes da SM, além da proteína C reativa ultrassensível (PCR-us) como marcador de inflamação, em adultos e idosos diagnosticados com SM. Trata-se de um estudo transversal realizado com 224 indivíduos com SM, ambos os sexos, recrutados no Ambulatório de Endocrinologia do Hospital Universitário Onofre Lopes-UFRN. Foram aplicados questionários para obtenção dos dados de caracterização da população e dois recordatórios alimentares de 24 horas (R24h), e realizada medidas de PA, antropométricas e análises bioquímicas. A CATd foi estimada a partir de dados publicados na literatura cujo método analítico foi o ferric reducing antioxidant power (FRAP). A IDP foi estimada a partir de dados da literatura e bancos de dados do Phenol Explorer e United States Department of Agriculture (USDA). Modelos binários de regressão logística foram utilizados para avaliar a associação entre a CATd e IDP e TG, PA, CC, GJ, HDL-c e PCR-us. O café foi a maior fonte de CATd e IDP. As classes que mais contribuíram para a ingestão de polifenóis totais foram os ácidos fenólicos e flavonoides. A ingestão de maiores quantidades de CATd, polifenóis totais e ácidos fenólicos foi um fator protetor contra concentrações elevadas de PCR-us (OR=0,24; IC95% 0,07–0,70; OR=0,25; IC95% 0,08–0,74; OR=0,25; IC95% 0,08–0,74, respectivamente). Adicionalmente, a ingestão de flavonoides emergiu como fator de proteção contra concentrações mais baixas de HDL-c (OR=0,35; IC95% 0,13–0,88). Em conclusão, uma maior ingestão de CATd, polifenóis totais e suas subclasses esteve associada a um perfil inflamatório mais favorável e a melhores concentrações de HDL-c em indivíduos com SM, indicando um potencial efeito protetor contra inflamação crônica e dislipidemia. Estudos adicionais devem ser realizados considerando os fenótipos da SM e bancos de dados mais abrangentes, de acordo com as características regionais de consumo alimentar.