ANÁLISE DA DRENAGEM VENOSA CEREBRAL EM PACIENTES PORTADORES DE FÍSTULAS ARTERIOVENOSAS DURAIS - CORRELAÇÃO COM A APRESENTAÇÃO CLÍNICA
FÍSTULAS ARTERIOVENOSAS DURAIS, DRENAGEM VENOSA CEREBRAL, HEMORRAGIA CEREBRAL
Objetivo – Fístulas arteriovenosas durais (FAD) são comunicações arteriovenosas anormais, adquiridas e que ocorrem entre os folhetos da dura-máter. Os sintomas podem ser minor, como um tinitus pulsátil ou major, como os decorrentes de hemorragia e estão relacionados com a anatomia venosa do paciente. O objetivo do estudo foi identificar quais elementos da anatomia venosa teriam importância no desenvolvimento de sintomas.
Métodos – Análise retrospectiva de angiografias realizadas em 3 centros em pacientes acima de 18 anos, portadores de FAD única e divididos em um grupo com sintomas minor (grupo 1) e outro com sintomas major (grupo 2). O grupo 2 foi subdivido em 2a – hemorragia e 2b - sintomas graves não relacionados à hemorragia. As angiografias foram avaliadas quanto à presença de fatores anatômicos causadores de restrição à drenagem da FAD e/ou do parênquima cerebral.
Resultados – A prevalência de estenose nas veias de drenagem da FAD e presença de anastomoses finas foi significativamente maior no grupo 2, respectivamente 32,6% e 19,1% quando comparado ao grupo 1, respectivamente 2,68% e 5,36%. A prevalência de estenose nas veias de drenagem da FAD foi significativamente maior no grupo 2a (51,1%), quando comparado ao grupo 2b (11,9%). A utilização da via principal de drenagem pela fístula, a ausência de via alternativa e a presença de estagnação de contraste no parênquima cerebral foi significativamente maior nos pacientes do grupo 2b, respectivamente 85%, 45% e 62,5%, quando comparados ao grupo 2a, respectivamente 53%, 17% e 29,8%.
Conclusões – Observamos sintomas maiores quando a capacidade residual de drenagem do tecido cerebral estava exaurida pela competição com a FAD (predomínio no grupo 2b) ou quando as veias de drenagem da FAD possuíam características anatômicas que ocasionavam dificuldade de drenagem com consequente hipertensão no lado venoso da FAD(predomínio no grupo 2a).