ATIVIDADE DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: INTERAÇÃO COM O GÊNERO PROFISSIONAL DOCENTE.
Professor; EAD; Clínica da Atividade; Gênero Profissional; Instrução ao sósia.
Estudos apontaram que uma das discussões centrais na Educação a distância (EAD) refere-se ao papel que o professor é convocado a desempenhar. A pesquisa, pautada pelos pressupostos teórico-metodológicos da Clínica da Atividade, teve o objetivo de analisar a dinâmica que se estabelece entre a atividade do professor na EAD e o gênero profissional docente ao qual ele reporta-se em sua atividade profissional. As etapas do estudo dividiram-se em: 1) realizar de um mapeamento sobre o perfil sócio-profissional dos professores que atuam na EAD em duas universidades da cidade do Natal (RN); 2) analisar a atividade de trabalho dos professores na EAD, em abordagem clínica norteada pelos contextos de desenvolvimento da atividade: pessoal, interpessoal, transpessoal e impessoal; e 3) enfatizar o contexto transpessoal de modo a compreender a influência da prática pedagógica na EAD sobre o gênero profissional docente. Para consecução dos objetivos, os instrumentos e procedimentos propostos foram: pesquisa documental, registros audiográficos (representados pela técnica da instrução ao sósia), e um questionário socioprofissional. As análises estatísticas descritivas e inferenciais do mapeamento contemplou uma amostra de 70 participantes, sendo 28 homens e 41 mulheres. 65,7% vinculavam-se a Instituição pública e 30% a Instituição privada e 4,3% de Instituição pública e privada. 31,4% era mestre, seguido de 28,6% de doutores e 26,3% especialistas. 54,3% exerciam a função de tutor à distância, e 44,3% eram professores regentes. Após clusterização, foi apontada a existência de dois grupos(tutor a distância e professor regente), e as variáveis mais importantes de distinção foram: função, titulação, renda, atividades desenvolvidas e forma de ingresso na EAD. Da etapa clínica participaram dois professores representantes de cada grupo. A análise da atividade de trabalho apontou a existência de modelos de EAD distintos, que produziam formatos de trabalhos cuja conformidade com o gênero profissional docente era reflexo das diferentes formas de vivenciar os espaços de docência. Quanto ao alargamento das atividades destaca-se a necessidade do desenvolvimento tanto de competências técnicas para utilizar as tecnologias de informação, quanto das pedagógicas para pensar as concepções e os modos de concretização do processo de ensino-aprendizagem na EAD. Aponta-se que as mudanças que a EAD produziu na atividade dos professores os convocaram a um acesso mais profundo das orientações genéricas da profissão, de modo a contribuir para (re) vitalizações do gênero profissional docente, não necessariamente atrelado ao uso do modelo presencial como um guia, pois replicar o modelo presencial para a distância não seria garantia do sucesso da atividade do professor na EAD. Destaca-se também que o insucesso da atividade também permite o aceso e a transmissão do gênero profissional. Por fim, lança-se o alerta de que certos formatos de trabalho, como nos casos da EAD, preveem a intensificação e individualização da atividade de trabalho, e até mesmo a precarização das relações, em detrimento de trocas e compartilhamentos entre os coletivos de trabalho. Nesse sentido a revitalização do gênero fica comprometida, e amputação da história do coletivo pode materializar-se, de modo a contribuir para atrofiar o raio de ação do sujeito-trabalhador em seu cenário laboral.