VIVÊNCIA, SUBJETIVAÇÃO E AUTOGERENCIAMENTO SUBORDINADO: Um estudo com os entregadores por aplicativo
Uberização; Autogerenciamento Subordinado; Entregadores; Psicologia Histórico-Cultural; Vivência.
O mundo do trabalho é marcado por constantes transformações que tensionam o envolvimento do ser humano ao estar em atividade modificando sua realidade material e subjetiva. A uberização do trabalho demarca um importante momento de transição onde a vida no trabalho passa a estar mais intimamente ligada aos meios de tecnologia de informação e comunicação (TICs), enquanto assimila características dos marcos transformadores anteriores. Concebida como um novo modelo de gestão, produção, organização e controle do trabalho que – atualmente – é mediada por plataformas digitais, a uberização implica em trabalhadores sob demanda que atuam como autogerentes de si mesmos em sua laboração. Contudo, este trabalhador está subordinado às plataformas digitais que, verdadeiramente, estão gerenciando a atividade. Desse modo, o objetivo desta dissertação é analisar as vivências de trabalhadores que melhor experienciam este modelo, os entregadores motoboys uberizados. A pesquisa é ancorada teoricamente pela Psicologia Histórico-Cultural de Vygotsky, e conta com a participação de 15 entregadores de aplicativo que atuam na cidade de Natal/RN. A metodologia adotada foi a de entrevistas semiestruturadas realizadas presencialmente nos pontos de concentração dos motoboys pela cidade. Os dados coletados foram transcritos e categorizados com a ajuda da plataforma QDA miner e Excel, e posteriormente analisados através da Análise do Discurso Dialógica Bakhtiniana. Onde se evidenciou a busca por maior autonomia na vida fortemente ligada à oportunidade de ganhar mais dinheiro ao trabalhar com a imprevisibilidade. O trabalhador acredita firmemente que tem mais liberdade, dando-lhe a capacidade não apenas de controlar seu presente no trabalho, mas também de influenciar ativamente seu futuro e qualidade de vida. Além de se configurar como um obelisco contra as opressões e estratificações existentes na precarização do emprego assalariado. Sendo também um ato de resistência ao modelo de trabalho atual no mundo capitalista periférico latino-americano-brasileiro.