Trafegando por mares, rios, dunas e folhas secas: o entre-lugar das transmasculinidades a partir do Nordeste brasileiro
homens trans; transmasculinidades; Nordeste; cisgeneridade; transfeminismo
Guiado pelo objetivo geral de dialogar com possibilidades de masculinidades que atravessam as experiências de homens trans/transmasculinos no nordeste brasileiro, o trabalho aqui apresentado trata-se de uma etnocartografia produzida por um homem trans, psicólogo e nordestino, a partir da costura de narrativas entre a sua história de vida e de outros homens trans/transmasculinos do nordeste brasileiro. Para desenvolver esta pesquisa, foram realizados encontros nos estados de Alagoas, Maranhão, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte, produzindo registros em diário de campo e entrevistas com perguntas abertas que foram gravadas e transcritas posteriormente. A partir das análises de Paul Preciado (2014), Raewyn Connell (2003), Letícia Nascimento (2016) e Viviane Vergueiro (2015;2016), debato a interlocução da construção normativa da cisgeneridade enquanto um processo que é produzido pela estrutura da masculinidade e como tal produz, no que se refere às transmasculinidades, um entre-lugar. A tese encontra-se dividida em três capítulos, o primeiro é uma revisão integrativa de literatura das pesquisas produzidas no Brasil sobre transmasculinidades. No segundo, desenvolvo os aspectos metodológicos de como se deu o desenho do campo etnocartográfico e, no terceiro capítulo, adentro mais diretamente nas narrativas produzidas para pensar como esse entre-lugar se desdobra em relação a construção de masculinidades, acesso a políticas públicas e a noção de visibilidade x invisibilidade que permeiam as discussões sobre homens trans/transmasculinos.