TRILHANDO “CAMINHOS DE VOLTA”: O QUE SE APRENDE AO ANDAR NA FRONTEIRA
povos originários; mulher; narrativa; autorreconhecimento;
A negação da nossa ancestralidade pela colonização é uma ferida que poucas de nós temos acessado o direito de cuidar. Há séculos a historiografia local determinou o desaparecimento do indígena potiguar, o que reflete o genocídio dos povos originários do Rio Grande do Norte. Diante desta e outras pistas para a pesquisa me aproximei da indígena Guayumi Potyguara e da sua experiência de retomada étnica, propondo como objetivo geral: Compreender o processo de autoreconhecimento de uma mulher indígena e sua relação com as suas experiências de vida. E, como objetivos específicos: a) resgatar com a interlocutora sua história de vida pensando seu corpo-território no processo de autorreconhecimento como mulher indígena; e, b) analisar o seu processo de constituição como mulher indígena e os efeitos na vida desta, nas relações de gênero nos âmbitos familiar e comunitário. Apostamos na hibridização de metodologias outras com a perspectiva ética-política da decolonialidade, esta não é apenas um conceito ou uma definição, mas uma opção de vida, definida por ação e engajamento. Utilizamos as seguintes ferramentas: diários de campo; entrevistas narrativas; passeio pelo acervo de memórias fotográficas e produções desta mulher; e, escrevivências minhas. Buscamos tecer narrativas políticas que abarquem as dimensões do seu processo de autorreconhecimento, do seu corpo-território e os efeitos na sua vivência como mulher indígena. As narrativas serão inicialmente redigidas por mim, mas serão lidas e modificadas após a leitura de Guayumi, construindo uma metodologia em forma de círculo, remetendo às cotidianas formações indígenas que organizam tanto os espaços, os torés, os espaços de decisão, até suas cosmovisões. Pretende-se contribuir com o campo de disputa política ao narrar o processo de retomada do povo originário potiguar, através da voz de suas mulheres, indo de encontro as verdades hegemônicas em busca do bem viver das mulheres e seus povos.