SOFRIMENTO, ADOECIMENTO MENTAL E PODER DE AGIR: UM ESTUDO DE CASO COM SERVIDORES PÚBLICOS DO JUDICIÁRIO TRABALHISTA
saúde mental, trabalho, clínicas do trabalho, poder judiciário
O objetivo deste trabalho foi analisar o processo saúde-adoecimento mental de secretários de audiência do judiciário trabalhista da Paraíba, tendo como aporte teórico-metodológico a Clínica da Atividade. Foi um estudo de caráter descritivo e clínico-interventivo, multimétodos sequenciais, de abordagem qualitativa, no qual utilizei análise documental, observação, realização de entrevistas semiestruturadas sobre histórico profissional e aspectos da atividade relacionadas à saúde, e a técnica de instrução ao sósia. Todos os preceitos éticos foram respeitados. Dentre os resultados destaco que: (a) a qualidade das relações interpessoais estabelecidas na atividade de trabalho se relaciona com a manutenção da saúde mental dos secretários de audiências; (b) o excesso de atribuições, a impossibilidade de contar com os pares e de realizar pausas durante a execução das tarefas aparecem interligados a quadros de ansiedade e estresse, favorecendo vivências de sofrimento e impotência em relação ao trabalho; (c) o enfraquecimento dos coletivos e do gênero profissional pode estar abrindo caminho para a perda da saúde desses profissionais; por outro lado, (d) são perceptíveis algumas formas interessantes de escapar às limitações da atividade pelos instrumentos que os participantes criam ou que se utilizam para driblá-las, se reinventar, personalizar a atividade. Como forma de proteção à saúde mental desses trabalhadores percebo a necessidade de maior articulação dos coletivos como recurso de enfrentamento às dificuldades, de intervenções institucionais que favoreçam as relações interpessoais e a cooperação, além de arranjos que viabilizem o revezamento de profissionais nas realizações das audiências.