COLETIVOS DE TRABALHO COMO UM DISPOSITIVO DE SAÚDE DOS OFÍCIOS
coletivos de trabalho; clínicas do trabalho; saúde e trabalho.
Este estudo apresenta os resultados de uma pesquisa-intervenção realizada em um Centro de Referência em Saúde do Trabalhador, localizado no município de Natal-RN, com trabalhadores-usuários. O objetivo foi analisar como o coletivo de trabalho comparece enquanto dispositivo de saúde em trabalhadores em situação de adoecimento profissional. As clínicas do trabalho apropriam-se da categoria coletivos de trabalho como operador fundamental na relação saúde-trabalho-desenvolvimento, têm estudado e advogado os coletivos de trabalho como dispositivo-chave para a compreensão, manutenção e afirmação da saúde dos ofícios. Após uma breve apresentação do modo como cada uma dessas clínicas define coletivo, oferecemos uma síntese provisória que emerge a partir da observação de pontos gerais de convergência entre elas no tocante ao sentido dos coletivos. A partir dessa análise via clínicas do trabalho, apresenta-se um modelo como via de entendimento dos elementos bases de constituição dos coletivos (relações com o ofício, afeto, reconhecimento e dialogicidade). As atividades foram conduzidas em duas etapas: uma de aproximação do campo com as atividades em grupo na sala de espera do serviço e entrevistas semiestruturadas; e entrevistas clínicas. Identificaram-se três dispositivos: o coletivo provisório; a relação do sujeito com sua atividade e o assédio ao ofício. O modelo também foi ilustrado através de casos clínicos reais, os quais permitem destacar que o modo de funcionamento dos coletivos pode o fazer mantenedor ou não da sobrevivência e desenvolver um ofício sadio. Por fim, alerta-se para necessidade dos indivíduos estarem como organizadores do seu próprio trabalho, para que o coletivo de trabalho possa dá seus sinais de expressividade, colocando em ação ele mesmo (coletivo de trabalho) e o ofício no processo de produção de saúde. Alerta-se para a necessidade do cuidado com os ofícios com igual nível de importância do cuidado ofertado ao trabalhador, numa perspectiva de reparação do bem-estar pelos coletivos sobre os critérios e as tensões da atividade de trabalho.