Produção de sentidos e caminhos existenciais: como adolescentes abrigados significam as suas histórias de vida?
Acolhimento institucional, adolescentes abrigados, narrativas (auto) biográficas, produção de sentidos.
O acolhimento institucional de crianças e adolescentes é um tema complexo para discussão e pesquisa dentro e fora do campo psicológico. Esta pesquisa buscou contribuir com tal discussão apresentando as narrativas de dois adolescentes de uma unidade de acolhimento em Natal-RN. Através de seus próprios olhares e vozes, as narrativas da institucionalização foram discutidas, tanto em relação com sua vida anterior ao abrigo, quanto com a previsão de projetos após o abrigo. Para atingir esses objetivos, o scrapbook foi usado como um instrumento lúdico para trazer suas narrativas em um esquema metodológico apoiado pela Pesquisa (auto) biográfica e Sociologia Clínica. Este procedimento metodológico proporcionou um ambiente reflexivo no qual novos sentidos sobre sua vida poderiam emergir. Os resultados mostraram que o acolhimento institucional se dá por diferentes violações de direitos às crianças e adolescentes, reflexo de um quadro de vulnerabilidade social. A medida protetiva de abrigo, destinada a garantir o direito à convivência familiar e comunitária, não funciona bem na prática. O abrigo é um lugar complexo e controverso, que muitas vezes não cumpre o seu papel. Pode ser um lugar de reproduções de vulnerabilidades e desproteção. E também pode ser um lugar de proteção, relações afetivas, referências e saídas existenciais. Portanto, a instituição adotiva pode ser um "mal necessário" ou um "bem indesejado".