A efetividade do cuidado de enfermagem na melhoria da qualidade de vida de pessoas com hipertensão na Estratégia Saúde da Família: um ensaio clínico randomizado tipo cluster
Hipertensão Arterial; Assistência de Enfermagem; Atenção Primária em Saúde.
Introdução: A hipertensão arterial sistêmica é considerada um problema de saúde pública que afeta grande parte da população brasileira, acarretando em complicações e mortes por eventos cardiovasculares. O acompanhamento dos usuários hipertensos na Estratégia Saúde da Família (ESF) é fundamental para o melhor controle desta patologia e consequentemente redução dos danos. Na ESF o enfermeiro deve atuar na coordenação do cuidado dos indivíduos hipertensos. Objetivo: Analisar o efeito de uma intervenção multifacetada do cuidado de enfermagem ofertado as pessoas com hipertensão arterial, vinculadas as equipes de saúde da família em São Caetano - Pernambuco e Jucurutu - Rio Grande do Norte, com vistas a melhoria da qualidade de vida relacionada à saúde desses usuários. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico, experimental do tipo ensaio clínico randomizado em cluster, com abordagem quantitativa. Para a seleção das ESF e dos usuários hipertensos foi adotada a técnica de amostragem probabilística aleatória simples. A pesquisa foi composta pelos profissionais enfermeiros atuantes nas ESF dos dois municípios (12 ESF) e pelos usuários hipertensos (231 usuários), divididos em dois grupos: grupo controle e grupo intervenção. Sendo os do grupo controle acompanhados através do cuidado usual / habitual de enfermagem, sem uma intervenção adicional da equipe e o grupo intervenção que seguiu as orientações e aplicação das intervenções preconizadas pelo protocolo deste estudo. A coleta de dados da pesquisa ocorreu em dois momentos distintos: ao iniciar o estudo (linha de base) e três meses após a intervenção (seguimento). As medidas de frequência absoluta e frequência absoluta percentual foram efetuadas para ilustrar as características geográficas, socioeconômicas, dos hábitos de saúde, do estado de saúde dos indivíduos e o controle pressórico. A média, a mediana e o erro-padrão foram considerados para descrever a idade dos indivíduos e o escore da qualidade de vida. Resultados: Dos participantes do estudo 72,3% são do sexo feminino, a média da idade foi de 59 anos, 85,2% estão com excesso de peso ou obesidade, 69,7% não praticam atividade física, 52,4% apresentaram descontrole nos níveis pressóricos. Na avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde obteve-se média do Escore geral da qualidade de vida mencionada pelos participantes de 90,5, sendo o domínio Estado Mental = 92,8 e o domínio Manifestações somáticas = 88,4. Além disso, 32,5% dos participantes referenciaram que a hipertensão e seu tratamento afetam sua qualidade de vida. Para comparação da linha de base e o seguimento foi realizado proporções/dicotomização pela mediana, obtendo-se boa qualidade de vida dos participantes em ambos os grupos. Considerações finais: Buscar estratégias para prevenir os danos e minimizar as complicações da hipertensão é fundamental na nossa pratica clínica. Apesar das dificuldades e limitações encontradas, estratégias de intervenção como o protocolo para consulta de enfermagem proposto em nosso estudo, precisam ser discutidos e utilizados pelas equipes de saúde, uma vez que são de baixo custo e devem fazer parte da rotina e do cuidado usual no atendimento às pessoas com hipertensão na ESF.