PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR COMO FERRAMENTA DE GESTÃO DO CUIDADO NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DO RN: desafios e possibilidades.
Projetos Terapêuticos Singulares; Atenção integral à Saúde; Estratégia Saúde da Família; Núcleo de Apoio ao Saúde da Família; Apoio Matricial
No Brasil, o uso e o desenvolvimento de instrumentos e tecnologias em saúde para a garantia do acesso a saúde como direito de todos, bem como a resolubilidade das diferentes e complexas demandas observadas nos territórios representam ponto chave para o desenvolvimento do SUS em seus princípios fundamentais nas diferentes regiões brasileiras. O Projeto Terapêutico Singular (PTS) é uma prática atualmente ainda não incorporada na rotina da maioria das equipes de saúde na atenção básica e ainda pouco difundida e desenvolvida, apesar de seu grande potencial na produção de novas realidades, sobretudo no que diz respeito aos casos complexos. Em virtude disso, justificam-se estudos no sentido de lançar luz sobre a realidades das equipes em relação ao uso do PTS como ferramenta de gestão do cuidado em saúde no âmbito da Estratégia Saúde da Família (ESF). Nesse sentido, o presente trabalho trata de uma pesquisa qualitativa exploratória a qual buscou investigar como uma equipe da ESF e uma equipe do NASF que a apoia utilizam o PTS no seu território, tendo como objetivos específicos: conhecer os sentidos atribuídos pelos profissionais (das equipes NASF e ESF) às noções de Clínica Ampliada, de Apoio Matricial e de Projeto Terapêutico Singular; identificar como as equipes se comunicam e se vinculam para a construção do PTS e realização do apoio matricial; e identificar as potencialidades e dificuldades vividas pelas equipes para o uso do PTS como ferramenta de gestão do cuidado. Para tanto, a abordagem metodológica foi desenvolvida através de entrevistas individuais semi-estruturadas e grupos focais com os profissionais das equipes de um município de pequeno porte do RN. Os dados produzidos pelas entrevistas e pelos grupos focais foram organizados e categorizados através da análise de conteúdo proposta por Bardin. Os três eixos de análise foram: 1) O multiprofissionalidade, co-responsabilidade e resolutividade; 2) Concepções de PTS, dificuldades, falta de experiência e o desconhecimento sobre PTS; e 3) Articulação e planejamento das ações. De modo geral, o estudo apontou que a construção de PTS como uma prática pontual, sendo uma ferramenta que pouco compõe o cotidiano das equipes e dos serviços de saúde na AB, apesar de ser reconhecidamente importante para a ampliação das ações e resolutividade dos problemas dos usuários. Além disso, o PTS além de não ser uma ferramenta de uso cotidiano, é desconhecida por muitos e as equipes são carentes de experiências que potencializem o seu uso de forma sistemática e compartilhada nos espaços de produção do cuidado em saúde. Dessa forma, coloca-se como importante que ações de qualificação da atenção sejam desenvolvidas junto às equipes para o uso do PTS entre outras ferramentas para gestão do cuidado de forma integral e compartilhada.