Evolução cariotípica em ciclídeos (Cichlidae; Percomorpha): contexto biogeográfico e papel no isolamento reprodutivo
Evolução cariotípica, rearranjos cromossômicos, DNAr, especiação alopátrica, especiação simpátrica.
A família Cichlidae, amplamente distribuída em regiões hidrográficas das Américas, África, Madagascar, Índia, Sri Lanka e Oriente Médio, exibe um dos mais notáveis exemplos de diversificação entre os peixes, cujas mais de 1700 espécies decorrem tanto de processos longos em alopatria, como de rápidas explosões radiativas simpátricas. Embora aspectos citogenéticos do grupo venham sendo avaliados, a compreensão de como os processos de diversificação biogeográfica e filética estão associados à evolução do cariótipo são menos conhecidos. Nesse contexto, aqui foram realizadas análises citogenéticas comparativas de 21 espécies intercontinentais da família Cichlidae, por meio de técnicas citogenéticas convencionais e moleculares, com vistas a identificar aspectos cariotípicos associados à biogeografia histórica do grupo e estimar o papel da diversificação cariotípica no isolamento reprodutivo pós-zigótico, através da análise citogenética de híbridos artificiais. Os padrões citogenéticos se mostraram diferenciados entre espécies dos continentes americano e africano, cenários geográficos de maior diversificação dos ciclídeos. O valor modal 2n apresentado no continente americano foi de 48 cromossomos, e de 2n=44, nas espécies africanas. Os dados indicam que processos de especiação alopátrica, envolvendo os rios amazônicos e da América central, respondem por uma maior diversificação estrutural nos cariótipos, enquanto rápidos processos simpátricos de radiação adaptativa, ocorridos em grandes lagos, retém um significativo conservadorismo cariotípico nas espécies africanas.