Fungos Micorrízicos Arbusculares (Glomeromycota) em fitofisionomias distintas em um brejo de altitude no nordeste brasileiro
Micorrizas, taxonomia, floresta úmida de altitude, Caatinga, diversidade.
Uma característica evidente da região semiárida brasileira, na qual se inclui a Caatinga, é a presença de montanhas com média de 1.000 metros de altitude com vegetação diversificada e estes tipos de vegetação podem se manifestar também nos planaltos, sendo chamados de brejos de altitude. Os brejos formam “ilhas” de florestas úmidas cercadas por uma vegetação seca e são caracterizadas como parte da Mata Atlântica. Quando comparados às regiões circundantes, os brejos possuem condições privilegiadas quanto à umidade do solo e do ar, temperatura e cobertura vegetal. Esses fatores influenciam os desenvolvimentos dos microrganismos, contudo, em relação a microbiota do solo, essas áreas são escassas de estudos sobre diversidade, notadamente os Fungos Micorrízicos Arbusculares (FMA). Esses fungos, que formam ampla simbiose com raízes de plantas, são importantes por aumentar a zona de absorção de nutrientes e promover o crescimento vegetal. Por isso, esse trabalho tem o objetivo de comparar as comunidades de FMA entre diferentes fitofisionomias em um brejo de altitude do bioma Caatinga. Para isso, foram coletadas amostras de solo e serapilheira durante a estação chuvosa de janeiro/2022, no Parque Nacional de Ubajara, Ceará. Duas abordagens foram utilizadas para acessar a riqueza e diversidade de FMA nas diferentes fitofisionomias, (i) extração de glomerosporos por peneiramento úmido e centrifugação em água e sacarose (70%) e (ii) catação de glomerocarpos, utilizando pinça e auxílio de uma lupa de mão. Posteriormente, foram montados em lâminas permanentes com PVLG (ácido polivinílico lacto-glicerol) e PVLG + Melzer. Foram encontradas 41 espécies de FMA. Onze ocorreram na serapilheira, recuperados pela catação; sendo nove na mata úmida e quatro na mata seca. Enquanto na extração dos esporos, 39 espécies foram recuperadas; sendo 21 na mata úmida e 32 na mata seca. Algumas espécies foram identificadas apenas para um tipo de fitofisionomia e/ou metodologia utilizadas. Isso indica que, talvez, os FMAs tenham preferência por ambientes e/ou faixas do substrato terrestre. Espera-se que a riqueza de FMA seja distinta em áreas com fitofisionomias diferentes, principalmente se novas abordagens metodológicas forem utilizadas, permitindo entender melhor a ecologia desse grupo de fungos em ambientes semiáridos.