Hifomicetos aquáticos associados a substratos vegetais em ecossistemas aquáticos do Rio Grande do Norte, Brasil
biodiversidade, Dikarya, fungos aquáticos, microfungos, tropical
Os hifomicetos aquáticos constituem a fase assexual de ascomicetos e basidiomicetos que completam uma ou mais fases do seu ciclo de vida na água. Esses fungos atuam na decomposição de substratos submersos, tornando a matéria orgânica dissolvida mais palatável e com maior valor nutricional para consumo de outros organismos decompositores. No Brasil, os primeiros registros foram conhecidos na Mata Atlântica de São Paulo em 1989. Para o Nordeste, são relatados registros escassos no bioma em Pernambuco e Rio Grande do Norte. O presente estudo visou realizar um inventário e análise ecológica desses fungos associados aos substratos submersos de riachos e lagoas no Rio Grande do Norte. As coletas de substratos submersos (folhas e galhos) e parâmetros de água foram realizadas nos corpos d’água dos riachos Pium e Jiqui (Parnamirim-RN), e das lagoas do Jiqui (Parnamirim-RN) e da Ilhota (Nísia Floresta-RN) de junho de 2021 a abril de 2022. Foram aplicadas as metodologias de câmaras-úmidas e incubações submersas. Adicionalmente, foi realizado um inventário de táxons previamente isolados dos riachos Boa Cica (Nísia Floresta), Baldum (Georgino Avelino-RN), Catu (Canguaretama-RN), Espinho (Canguaretama-RN), Pedra (Baía Formosa-RN) e Guajú (Baía Formosa-RN). Foram encontrados 76 táxons, distribuídos em 35 gêneros de hifomicetos aquáticos associados a substratos vegetais em corpos d’água da Mata Atlântica do Rio Grande do Norte. Dentre as espécies identificadas, Flagellospora minuta é um novo registro para as Américas; Gyrothrix citricola e Triscelophorus konajensis para o Brasil; F. stricta, Polylobatispora deltoidea, Pseudoxylomyces elegans e Spirosphaera carici-graminis são novas citações para a Mata Atlântica brasileira; e 13 são novos registros para o Rio Grande do Norte. O estudo demonstrou alta riqueza de hifomicetos aquáticos para a Mata Atlântica do Rio Grande do Norte e pode subsidiar estudos de conservação dessas áreas.