Filogeografia do grilo Endecous potiguar Castro-Souza, Zefa & Ferreira, 2017 (Orthoptera, Phalangopsidae): Investigação de linhagens crípticas em cavernas na formação Jandaíra.
Biologia subterrânea; Vicariância; Evolução molecular; Espécies crípticas; estase morfológica.
Os grilos de cavernas da família Phalangopsidae são pouco estudados e possuem baixa capacidade de dispersão e ampla distribuição, o que os tornam interessantes para investigações filogenéticas e filogeográficas. Dentro desta família está o gênero Endecous, que foi subdividido em três subgêneros com base em caracteres morfológicos e possui a maior parte de suas localidades-tipos em cavernas. Atualmente, toda pesquisa taxonômica envolvendo o gênero usa de caracteres morfológicos, bioacústicos e citogenéticos. Aqui, reconstruímos a filogenia e filogeografia de E. potiguar Castro-Souza, Zefa & Ferreira, 2017 com base em 151 sequências parciais do gene COX-1 com 571 pb para 21 localidades diferentes. Filogenias moleculares foram reconstruídas usando inferência Bayesiana e Máxima Verossimilhança, e três abordagens (ABGD, PTP e GMYC) foram utilizadas para delimitação de linhagens. Foi feita uma Análise Bayesiana da Estrutura da População utilizando o BAPS. Adicionalmente, foram selecionados alguns espécimes para extração do complexo fálico e análise dos caracteres morfológicos com base no artigo de descrição (Castro-Souza, Zefa & Ferreira, 2017). Foram utilizadas também algumas amostras acústicas para análise. A análise bayesiana sugeriu dois clados, aqui tratadas como duas possíveis espécies, o que foi apoiado por duas das três análises de delimitação, exceto o PTP que seguiu a divisão feita pela Máxima Verossimilhança em três clados. A estimativa do tempo de divergência sugere que essa especiação ocorreu há 7.40 Ma (95% de HPD 13.80-3.75 Ma). A divergência inicial entre as espécies possivelmente está correlacionada com um mecanismo de vicariância após o surgimento da calha que daria origem ao rio Apodi-Mossoró, no período entre o Mioceno e o Quaternário. Com a diminuição da umidade, essas espécies teriam se dispersado para cavernas com tempos de divergência recentes entre os grupos. Observamos uma estase morfológica, talvez fruto de uma seleção estabilizadora devido ao conservadorismo de nicho.