AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL DE IDOSOS ATENDIDOS POR EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) EM NATAL-RN: UMA ANÁLISE DEMOGRÁFICA E EPIDEMIOLÓGICA
Saúde do idoso, Envelhecimento, Atividade da vida diária
O rápido processo de envelhecimento populacional, observado no Brasil ao longo das últimas décadas, tem gerado uma importante demanda para o sistema de saúde, configurando-se em grande desafio para as autoridades sanitárias, particularmente para a implantação de novos modelos e métodos de enfrentamento do problema. Este estudo teve por objetivo fazer uma avaliação multidimensional da população idosa atendida por equipes de saúde da família (ESF), em distritos sanitários de Natal-RN, estabelecendo associação entre o perfil sociodemográfico e epidemiológico com as atividades da vida diária, traduzida pela escala de avaliação funcional de Lawton. A fonte de dados foi oriunda da pesquisa “Perfil multidimensional da população idosa atendida nas unidades de saúde da família do distrito Oeste do município de Natal: uma contribuição para a atenção básica de saúde”. Trata-se de um estudo transversal de base populacional, com uma amostra não probabilística, totalizando 1067 idosos. Realizou-se uma análise descritiva exploratória e a testes de associação de qui-quadrado de Pearson, com um nível de significância de 5%. Um modelo de regressão logística foi ajustado, tendo, como variável dependente, a escala de avaliação funcional de Lawton e como independentes variáveis dos grupos sociodemográfico e epidemiológico. Calculou-se as razões de chances com seus respectivos intervalos de confiança de 95%. Os resultados mostraram que as variáveis sociodemográficas do perfil do idoso apresentam associações significantes entre si. A escala de Lawton aponta para uma independência dos idosos da cidade de Natal, mostrando que a maioria deles não precisa de ajuda para executar tarefas do dia-a-dia. O ajuste da regressão logística mostrou que a dependecia do idoso esta associada de forma estatísticamente significante com as variáveis, alfabetização, idade e status depressivo, onde o fato de ser depressivo aumenta em duas vezes a chance do idoso ser dependente. Conclui-se que uma maior autonomia funcional nas AVDs esta associada aos idosos jovens (menor que 70 anos de idade), alfabetizados e não tendo sinais de depressão. O fato de ser casado também mostrou uma associação significante com a Escala de Lawton, na condição de maior grau de independência, o que pode refletir a existência de um suporte familiar para o alcance dessa condição. Sinais de depressão, apesar de haver sido referido para um menor número de idosos, demandam atenção especializada, a fim de propiciar melhor qualidade de vida a esse grupo populacional. As doenças crônicas, comuns na velhice, também precisam de orientação adequada, para minimizar os efeitos danosos à saúde dos idosos.