Fatores associados aos acidentes de trânsito graves envolvendo condutores de automóvel e motocicleta: uma análise para as BR 101, 116 e 230 na Região Nordeste em 2007 e 2016
Acidentes de trânsito; Causas externas; Polícia Rodoviária Federal; Rodovias Federais; Região Nordeste.
O presente estudo teve como objetivo principal identificar os fatores associados aos acidentes de trânsito graves (ocorrência de lesão grave/óbito entre condutores de automóvel e motocicleta) nos trechos das rodovias BR 101, 116 e 230 localizados na Região Nordeste, nos anos de 2007 e 2016. Sendo assim, para atingir o objetivo proposto foram utilizados os registros de acidentes de trânsito disponibilizados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), tendo sido analisados 2.692 casos para 2007 e 3.011 casos para 2016, ambos referentes aos condutores de automóvel e motocicleta. Os dados foram submetidos inicialmente à análise descritiva e, posteriormente, estimados modelos de regressão de Poisson. Esses modelos de regressão foram construídos em blocos, sendo as variáveis incluídas nesta ordem: Modelo 1 (varáveis demográficas), Modelo 2 (variáveis viárias/ambientais), Modelo 3 (variáveis veiculares) e Modelo 4 (causas presumíveis dos acidentes de acordo com a tríade epidemiológica). Todas as análises foram segregadas de acordo com o ano, rodovia e tipo de veículo. Entre os principais resultados destacaram-se como fatores associados ao desfecho de condutor de automóvel lesionado gravemente ou falecido em 2007: BR 101: tipo de pista simples (RP=1,93, p<0,10) e colisão frontal (RP=1,81, p<0,05), BR 116: via em cruzamento (RP=2,88; p<0,10) e colisão frontal (RP=1,92, p<0,05), BR 230: via em cruzamento (RP=3,11; p<0,05) e pista simples (RP=1,74; p<0,05). Para 2016 foram: BR 101: fase do dia em plena noite (RP=1,52; p<0,05) e colisão frontal (RP=1,92; p<0,05), BR 116: fase do dia ao amanhecer (RP=1,83; p<0,05) e colisão frontal (RP=2,55; p<0,05), BR 230: sexo masculino (RP=3,71; p<0,05) e via em cruzamento (RP=3,45; p<0,05). Já destacaram-se como fatores associados ao desfecho de condutor de motocicleta lesionado gravemente ou falecido em 2007: BR 101: fase do dia ao amanhecer (RP=1,84, p<0,05) e colisão frontal (RP=1,60, p<0,05), BR 116: sexta-feira a domingo (RP=1,37; p<0,10) e colisão frontal (RP=1,35, p<0,10), BR 230: fase do dia ao anoitecer (RP=1,78; p<0,05) e fase do dia ao amanhecer (RP=1,76; p<0,10). Para 2016 foram: BR 101: fase do dia ao amanhecer (RP=1,47; p<0,10) e colisão frontal (RP=1,68; p<0,05), BR 116: grupo etário de 50 anos ou mais (RP=1,32; p<0,10) e colisão frontal (RP=2,10; p<0,05), BR 230: fase do dia em plena noite (RP=1,41; p<0,05) e colisão frontal (RP=1,76; p<0,05). De um modo geral, o estudo mostrou que a gravidade dos acidentes de trânsito não se relaciona apenas às características individuais e de comportamentos dos condutores, mas de fatores relacionados às vias e às condições do ambiente do momento do acidente, o que evidencia a necessidade de ações intersetoriais para a prevenção dessas ocorrências.