DIFERENCIAIS REGIONAIS NA MORTALIDADE ADULTA POR ESCOLARIDADE NO BRASIL EM 2010
Mortalidade, Nível de escolaridade, Diferencial Regional, Dados faltantes
Estudos sobre diferenciais de mortalidade por escolaridade são de grande relevância para a gestão da saúde pública no Brasil. Dado o contexto desigual dos processos de transição demográfica e epidemiológica entre estratos sociais, o objetivo desse trabalho é estimar os diferenciais educacionais na mortalidade adulta (25 a 59 anos) por grandes regiões, sexo e idade em 2010. A literatura tem apontado para uma relação inversa entre a mortalidade e a escolaridade, ou seja, quanto maior a escolaridade menor é o risco de o indivíduo morrer. Além disso, há evidências de que esses gradientes persistem em todas as idades, são maiores entre os homens, diminuem com a idade e sua magnitude difere entre as grandes regiões do país. Enquanto essa temática vem sendo discutida nos Estados Unidos desde a década de 1960, no Brasil os primeiros trabalhos são da década de 2000. Esse atraso é devido, principalmente, à péssima qualidade da variável escolaridade das declarações de óbitos registradas no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Para buscar evidências sobre esses gradientes educacionais, os microdados de óbitos do SIM em 2010 (para os óbitos) e os microdados do censo 2010 (para as quantidades populacionais) são as fontes de dados do estudo. Com isso, a proposta metodológica neste trabalho é realizar duas correções nos dados antes de proceder com as estimativas dos diferenciais educacionais na mortalidade. A primeira é corrigir a incompletitude da variável escolaridade através de métodos de imputação. Os métodos aplicados são: imputação múltipla e ABB – Approximate Bayesian Bootstrap. A segunda trata-se da correção de sub-registro dos óbitos, utilizando fatores de correção médios da população geral por UF para corrigir apenas os óbitos de menores escolaridades em cada região. Os resultados em termos das taxas específicas de mortalidade estão em consonância com a literatura. Os riscos de morte são menores entre os indivíduos de alta escolaridade comparados aos de baixa e média escolaridade. Além disso, os diferenciais foram maiores para os homens e tendem a diminuir com a idade. Outro resultado importante é que não há diferenças regionais nos diferenciais de mortalidade segundo a escolaridade do falecido.