Determinantes ambientais na incidência da diarreia em crianças menores de cinco anos em La Paz - Bolívia
Diarréia, incidência, determinantes ambientais.
O ambiente tem um papel importante no processo saúde-doença, causando impactos de forma direta ou indireta. As diarreias como segunda causa de morte ao nível mundial não escapam aos impactos ambientais, sendo influenciadas em grande medida pela variabilidade dos fatores climatológicos que favorecem o aumento de casos por esta patologia. A Bolívia não foge desta realidade por ser um país com os mais elevados indicadores de morbimortalidade no referente às doenças diarreicas dentro dos países latino americanos. O objetivo do presente trabalho é determinar a influência do meio ambiente, especialmente dos determinantes físicos ambientais como a temperatura, precipitação e umidade, na ocorrência das diarreias em crianças menores de cinco anos, considerando as diferenças climáticas e de altitude das regiões Amazônica e Altiplânica de La Paz-Bolívia, no período de 2007 a 2012. A informação para o presente estudo foi coletada de três fontes: 1) Parâmetros meteorológicos físicos (temperatura média, precipitação total acumulada e umidade relativa média) do Serviço Nacional de Meteorología e Hidrología de Bolívia (SENAMHI-Bolívia), 2) Notificações semanais de doenças diarreicas de crianças menores de 1 ano e crianças de 1 a 4 anos cumpridos, obtidos do Sistema Nacional de Informação em Saúde e Vigilância Epidemiológica (SNIS-VE) do Ministério de Saúde da Bolívia e 3) Informação dos CENSOS 2001 e 2012 da Bolívia, referente à população menor de 5 anos de 85 municípios do La Paz, obtida do Instituto Nacional de Estatística de Bolívia (INE-Bolívia). Com a informação configurada por mês, foram obtidas as taxas de incidência diarreica por município e ajustadas pelo método Bayesiano Empírico, permitindo a suavização espacial do padrão diarreico. Mediante os diagramas de controle foram determinados os níveis endêmicos próprios para La Paz. Foi explorada a dependência espacial da incidência diarreica por meio do índice de autocorrelação espacial de Moran. Os dados mostraram uma maior incidência diarreica em crianças menores de 1 ano (86,48) em relação às crianças de 1 a 4 anos (34.52), considerando taxas por 1000 crianças segundo o grupo etário. Taxas elevadas quando são comparadas com as taxas de incidência diarreica das cidades de La Paz e El Alto (10 diarreias por 1000 crianças). Mediante gráficos de séries de tempo e modelos de regressão linear observou-se uma variabilidade da incidência diarreica que pode ser explicada de 35% a 47% pela temperatura média. Os mapas mostraram uma maior incidência na região Amazônica no inverno, com uma forte correlação entre os vizinhos próximos. A utilização da análise espacial mostrou-se útil para o estudo da relação espacial e comportamento da doença diarreica. Abordar essas lacunas é de primordial importância no que se refere às políticas públicas, onde haja a necessidade de intervenção das esferas governamentais, a fim de identificar e minimizar o impacto negativo das alterações climáticas em áreas afetadas.