Um olhar sobre o tamanho da prole das mulheres indígenas à luz do Capital cultural e econômico, Brasil, 2010.
Mulheres indígenas; fecundidade, capital cultural e econômico.
Dentre os segmentos populacionais com situações elevadas de vulnerabilidade no Brasil incluem-se às populações indígenas, que ganham destaque pelos maiores níveis de fecundidade em comparação com não indígenas. Em que pese o fato de que, entre 1991 e 2000, a fecundidade das mulheres que se autodeclararam indígenas presentaram uma redução dos níveis de fecundidade, dando indícios de que essas populações acompanham a queda da fecundidade que vem ocorrendo no país de forma generalizada. Entretanto, reconhece-se que para este segmento populacional, o peso cultural pode ser maior do que em épocas passadas, já que a disseminação de valores, modos de vida, ideias e conhecimentos não indígenas chegam mais facilmente. É neste contexto que o capital cultural e econômico das mulheres indígenas se insere na discussão da fecundidade destas, pois a dinâmica do capital cultural está associada tanto na acumulação – iniciada no âmbito familiar - quanto na aquisição – podendo ser adquirida através da interação social – que estão associadas entre si. Por isso, ainda que haja uma propagação de aspectos culturais não indígenas entre os indígenas, pode-se significar um consentimento do grupo em não renunciar sua origem, tradições e modos de vida próprios. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo geral estimar a fecundidade à luz dos aspectos do capital cultural e econômico das mulheres indígenas do Brasil em 2010. Para tanto, utilizou-se os microdados do Censo Demográfico 2010 a fim de aplicar o método GoM para construir a tipologia das mulheres indígenas a partir de seus capitais culturais e econômicos e, assim, obter os níveis de fecundidade desses perfis através da técnica indireta de Brass. A tipologia das mulheres indígenas revelou três perfis puros: o primeiro de mulheres indígenas residentes da área urbana que possuem um capital cultural e econômico típico da sociedade envolvente, porém que não são economicamente ativas e possuem ensino fundamental completo e médio incompleto. Em outro extremo encontrou-se um perfil de mulheres que também possuem um capital cultural e econômico típico da sociedade envolvente, residentes da área urbana, mas que possuem ensino superior completo e médio completo, ou seja, mulheres que possivelmente estariam mais inseridas no contexto urbano. E o terceiro perfil de mulheres indígenas residentes da área rural que possuem um capital cultural e econômico típico daquelas que residem em Terras Indígenas, ou seja, carregam seus próprios modos de vida e tradições. Além desses, foram traçados perfis mistos a partir dos escores de pertinência aos perfis puros encontrados.