O TRABALHO POR PLATAFORMA DIGITAL: o caso dos motoristas da Uber
Acumulação Flexível; Plataforma Digital; Precarização do Trabalho; Uberização
O presente estudo versa sobre as plataformas digitais como ferramentas de gestão laboral, próprias da atual fase do capitalismo da Era Digital e que promovem uma exacerbação do valor da flexibilidade ao operacionalizar uma forma de trabalho sob demanda. Trata-se de uma investigação que tem o objetivo de analisar a relação trabalhista que se estabelece entre a Uber e os motoristas cadastrados em sua plataforma de mediação de serviço de transporte particular na cidade do Natal/RN, no período compreendido entre os anos de 2016 e 2020. Partiu-se do pressuposto que, nessa relação laboral, os trabalhadores assimilam os valores relacionados à ideologia do empreendedorismo ao ponto de não se perceberem sujeitados à Uber. A pesquisa se valeu do recurso técnico da entrevista semiestruturada como meio de obter dados primários junto aos sujeitos colaboradores e da revisão da vasta bibliografia referente à temática em evidência. Constatou-se que os motoristas uberizados confundem a flexibilidade para determinar seus próprios horários de trabalho com a liberdade de um trabalhador sem patrão. Essa ideia é reforçada pela empresa/plataforma por meio de suas peças publicitárias que têm uma linha discursiva em que seus trabalhadores são parceiros com autonomia para escolher os dias e horários que desejam trabalhar.