TARTARUGAS-VERDES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO NA BACIA POTIGUAR, NORDESTE, BRASIL: PERSPECTIVAS PARA A CONSERVAÇÃO
Chelonia mydas; poluição marinha; ecotoxicologia; detritos antropogênicos; genética populacional.
As altas taxas de encalhes anuais de tartarugas-verdes (Chelonia mydas) registradas nos últimos anos no Brasil, e mais especificamente na região da Bacia Potiguar, trazem à tona a necessidade de se entender a presença da espécie na região, assim como suas principais ameaças. Nesse sentido, o presente trabalho objetivou analisar o padrão de ocorrência da tartaruga-verde na Bacia Potiguar, região compreendida entre litoral setentrional do Rio Grande do Norte (RN) e leste do Ceará (CE), caracterizando os estoques populacionais da espécie, assim como avaliar a o impacto dos resíduos sólidos e a bioacumulação de elementos químicos nos tecidos dos espécimes encontrados encalhados na região. A avaliação da contaminação por elementos químicos (THg, Cu, Cd, Ag e Se) em tecidos (fígado, músculo e rins) de tartarugas-verdes, revelou níveis de contaminação, até então desconhecidos para esses animais na Bacia Potiguar, reforçando o papel das tartarugas marinhas como sentinelas da qualidade do ecossistema marinho. Através da adaptação de uma ferramenta utilizada para análise de dieta, o Índice Alimentar (IAi), foi possível acessar o impacto dos detritos antropogênicos, principalmente do plástico flexível transparente em tartarugas juvenis (JUV-I), o que está associado ao hábito alimentar costeiro e de superfície da espécie, onde ocorrem as maiores concentrações de fragmentos de plástico, associados a algas flutuantes. A análise da composição genética demonstrou uma variedade de haplótipos, com predomínio dos dois mais registrados no litoral do Atlântico Sul Ocidental (CM-A8 e CM-A5). Nossos achados aumentam o entendimento da composição dos estoques populacionais de C.mydas na costa brasileira, que associado ao diagnóstico dos impactos causados pelos contaminantes e detritos antropogênicos, principalmente em áreas menos estudadas, como os sítios de alimentação de tartaruga-verde, contribuem para uma maior organização das estratégias de recomposição de áreas de nidificação, com consequente melhoria no status de ameaça da espécie no Brasil e no mundo.