REFLORESTAMENTO EM ÁREAS DE OCORRÊNCIA DA DESERTIFICAÇÃO NO SEMIÁRIDO NORTERIOGRANDENSE COM A FAVELEIRA (Cnidoscolus quercifolius)
Desertificação; Reabilitação; Faveleira; Espécie-chave; Participação.
O presente trabalho trata de estudo sobre a faveleira e o uso do vegetal na reabilitação de áreas degradadas. Objetivou-se compreender o processo de reabilitação de áreas de ocorrência da desertificação, por meio do plantio desse vegetal. O trabalho é composto por quatro manuscritos. O primeiro, classificou a faveleira, como espécie-chave cultural (CKS) do bioma Caatinga realizado através do uso de metodologia proposta por Cristancho e Vining (2004), com a colaboração de revisão de literatura sobre o vegetal, informações colhidas em entrevistas e observações in loco em áreas com a presença do vegetal. A relação da faveleira com cinco entre os sete indicadores de CKS propostos, classifica-a como sendo um CKS do bioma caatinga. No segundo analisou-se a percepção de moradores da zona rural do Seridó acerca dos usos da faveleira. O estudo realizou-se em comunidades rurais de Caicó e São José do Seridó/RN, onde o táxon se apresenta em meio a Caatinga. Além de visitas prévias, realizou-se 57 entrevistas semiestruturadas. A todas as partes do vegetal foi atribuído relevância. O uso das sementes na alimentação dos animais domésticos, silvestres e humano e das folhas na alimentação dos animais domésticos foi apontado por 100% dos interlocutores. O terceiro e quarto manuscritos avaliou-se a capacidade de fixação da faveleira, em área em processo de desertificação (APD) e em área desertificada (AD). Na estação chuvosa de 2009, foi definida a área do estudo, através de observações in loco, com a colaboração de agricultores familiares do local. Ambas se encontram localizadas na zona rural de São José do Seridó/RN. O plantio da APD ocorreu em março de 2009. As mudas foram fornecidas pelo município. A avaliação realizada em abril de 2014, das 82 mudas introduzidas, 65 se encontravam vivas. O plantio da AD ocorreu em março de 2015. As mudas foram produzidas pelos agricultores do local com uso de embalagens plásticas e através de sementeira. Um ano depois, entre as 60 mudas plantadas com uso de cada técnica, sobreviveram, respectivamente, 56 e 46. A APD e a AD da pesquisa, se mantiveram sendo exploradas com o pastoreio. Após o plantio, foi depositado uma camada de pedras no entorno das covas para faclitar o armazenamento de água e outras partículas. No microssítio do entorno de 100% das covas, constatou-se o recrutamento de espécies comum na estação chuvosa e a presença de plantas da vegetação permanente do entorno. A faveleira é uma CKS da Caatinga, adequada para uso na reabilitação de áreas degadas, desde que com o plantio de mudas com mais de quatro meses de nascimento. É bem adaptada a semiaridez e apresenta vínculos estreitos com a população campesina.