MAPEAMENTO DE BANCOS DE ALGAS E FANERÓGAMAS NA ÁREA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL DOS RECIFES DE CORAIS - RN UTILIZANDO GEOTECNOLOGIAS
gestão ambiental de recifes; macroalgas; geotecnologias
As macroalgas e fanerógamas marinhas, associadas aos recifes de corais, compreendem um dos ambientes mais produtivos do planeta. As macroalgas desempenham uma série de serviços ecossistêmicos, dentre os quais se destacam a produção primária, a construção dos recifes, a facilitação para o estabelecimento dos corais e a formação de habitats para inúmeras outras espécies de organismos. Por outro lado, elas são potencialmente sensíveis às alterações ambientais, em especial aos impactos causados pelas mudanças climáticas e à pressão das atividades humanas. Diante destas alterações ambientais, são necessários estudos que possam explicar os impactos que essas mudanças causam nesses organismos e, assim, estabelecer estratégias para a conservação e restauração desses ambientes. Técnicas de sensoriamento remoto, combinadas com observações in situ, têm sido bastante utilizadas para mapear bancos algais em todo o mundo. A Área de Preservação Ambiental dos Recifes de Corais/RN – APARC abriga uma grande diversidade de espécies algais, no entanto, apesar de constituir uma Unidade de Conservação, é provável que seus recursos estejam sendo depredados decorrentes de atividades antrópicas, como o turismo e a pesca predatória, e das mudanças no clima global, como a variação na temperatura e na acidez dos oceanos. Nesse sentido, este trabalho utilizou dados de satélite Advanced Land Observing Satellite (ALOS), instrumento Advanced visible and Near infrared Radiometer type 2 (AVNIR-2) para verificar a distribuição de macroalgas e fanerógamas na APARC, mais precisamente nos recifes de Maracajaú e Rio do Fogo. Para isso, foram realizadas classificações não supervisionadas e uma série de classificações supervisionadas flexíveis e rígidas. Além disso, foram realizadas análises de cluster para verificar a similaridade das composições bentônicas entre as estações estudadas em cada um dos recifes. Por fim, foi confeccionado o Modelo Digital Batimétrico (MDB) e o Modelo Digital de Terreno (MDT), a fim de entender a relação entre a fixação e o desenvolvimento das macroalgas e fanerógamas com a profundidade da água e a declividade dos corpos recifais. A classificação supervisionada Maxlike gerou os mapas temáticos de ambos os recifes. No recife de Maracajaú, o Maxlike identificou sete classes: (1) Algas densas; (2) Areia; (3) Fanerógamas esparsas; (4) Fanerógamas densas; (5) Algas calcárias; (6) Algas esparsas; e (7) Areia fina. O coeficiente Kappa (0,84) foi considerado excelente. No recife de Rio do Fogo, o Maxlike identificou seis classes: (1) Macroalgas; (2) Concreções de algas calcárias; (3) Areia; (4) Areia com mistura calcária; (5) Fanerógamas e (6) Recifes de corais. O coeficiente Kappa (0,75) foi considerado substancial. Em ambos os recifes, as macroalgas encontram-se predominantemente na área central, entre as isóbatas -1 e -3 m, principalmente. É uma área relativamente plana, com 2% de declividade em Maracajaú e 3% em Rio do Fogo. As algas calcárias, formando ou não concreções, localizam-se principalmente nas extremidades do recife, especialmente na borda externa (reef front), em profundidades de até -5 m. As fanerógamas ocorrem principalmente na borda interna (back reef), entre as isóbatas -2 e -6 m. As bordas dos recifes configuraram as regiões de maior declividade, com até 5% no recife de Maracajaú e até 7% no recife de Rio do Fogo. Em ambos os recifes foram registrados os seguintes grupos morfofuncionais: foliáceas, ramificadas, coriáceas, calcárias articuladas e calcárias crostosas. Espera-se que esse trabalho possa fornecer subsídios para o planejamento e gestão da APARC, conduzindo a utilização cada vez mais sustentável dessa Unidade de Conservação.