O CORPO FEMININO NA CENA PÚBLICA EM NATAL/RN:
DA PUBLICIZAÇÃO DE IMAGENS HEGEMÔNICAS ÀS IMAGENS DISCORDANTES
Estudos da mídia. Publicidade. Gênero. Mulher. Corpo.
Esta pesquisa objetiva estudar as imagens do corpo feminino na cena pública em Natal, capital do Rio Grande do Norte, observando as reiterações e variações das imagens hegemônicas para saber como se manifestam as vozes que discordam ou que resistem à publicização das imagens de submissão da mulher e de exploração do corpo feminino. Considero que as expressões em grafismos e pixações do feminino são a manifestação de um incômodo e a demonstração de que essas vozes não têm espaços de manifestação institucionalizados. Utilizo como procedimento metodológico a realização de incursões a campo pelos principais corredores da cidade, através do qual se constituiu um corpus formado por imagens expostas em outdoors e as intervenções em grafismo e pixações veiculados nos muros, placas e fachadas. Como fundamentação teórica, utilizo os conceitos e procedimentos analíticos da Semiótica da Cultura (BYSTRINA; 1995; BAITELLO JUNIOR; 2014; FLUSSER, 2007), dialogando com autores que discutem movimentos sociais, questões de gênero e sexualidade, história das mulheres e feminismo (BEAUVOIR, 2016; BUTLER, 2017; SAFFIOTI, 1979; SARTI, 2001; SCOTT, 1995; BOURDIEU, 2017; FOUCAULT, 1988); o corpo como mídia, como linguagem que se utiliza do corpo como signo (SANTAELLA, 2004; SANT’ANA, 2001); que tratam das imagens, estetização e moda (BARTHES, 1984; E LIPOVETSKY, 2009); das imagens do feminino na publicidade (BAUDRILLARD, 1996; BERGER, 2000); e que discutem grafismos e pixações como textos urbanos (SILVA, 2008; ROCHA, 1992). Como resultado preliminar, proponho que o corpo feminino é hegemonicamente apresentado na cena pública conforme os padrões estéticos de subalternidade e objetificação – tal objetificação do corpo que é criticada nos estudos de comunicação e gênero, que questiona uma publicidade que abranja a diversidade. E que os grafismos e pixações são expressões fixadas nas superfícies e equipamentos da cidade que manifestam discordância em relação às imagens femininas estereotipadas e à objetificação do corpo da mulher.