ESSAS CRIANÇAS QUE “DANÇAM” NA TELA: MIDIATIZAÇÃO E O ENGENDRAMENTO DE INFÂNCIAS CONTEMPORÂNEAS PELO INSTAGRAM
Infância. Consumo. Instagram. Mídia social. Midiatização.
O presente trabalho aborda as diversas imagens de infância postas em circulação no âmbito das mídias sociais (RECUERO, 2018; RECUERO; BASTOS; ZAGO, 2020), especificamente na plataforma Instagram, a partir de um estudo de caso de três perfis infantis, notadamente de crianças ali representadas como influenciadoras digitais mirins (ABIDIN, 2021; JORGE; MARÔPO; NUNES, 2018); objetiva-se assim compreender de que maneira essas imagens fomentam perspectivas específicas acerca da construção social da infância no contexto digital; assinalamos uma conjuntura de franca midiatização (FAUSTO NETO, 2008; SANTI, 2016; SODRÉ, 2002), no qual as mídias adquiriram um reforçado sentido de janelas para o mundo, ordenadoras da vida cotidiana; estamos concebendo a relação dos sujeitos infantis com os meios e sua cultura pelo viés do consumo simbólico (CANCLÍNI, 1999; SILVERSTONE, 2005), de modo que os elementos midiáticos dos quais o indivíduo se apropria entrelaçam-se com outros de sua experiência (BARBERO, 2006); tensionamos uma aproximação teórico-metodológica que supere o maniqueísmo em relação às crianças (BUCKINGHAM, 2012), tomando-as como ativas e competentes no processo; compreendemos as mídias enquanto um ente social vinculado às construções de significados, valores e práticas relacionadas à experiência do indivíduo, à tessitura dos modos de vida em sociedade, nas suas diversas esferas de socialização; em termos de metodologia, utilizamos uma abordagem qualitativa, lançando mão das técnicas de pesquisa bibliográfica (STUMPF, 2006), estudo de caso (DUARTE, 2006) e análise de conteúdo (BARDIN, 2011); dentre as conclusões, observamos principalmente o predomínio da perspectiva da infância-produto/criança-consumo em detrimento de angulações outras que privilegiem representações mais plurais e abrangentes do que é ser criança e viver o tempo da infância, em seus diversos atravessamentos de raça, gênero e nível socioeconômico.