O ESPALHAMENTO DO LAR POR MEIO DAS MÍDIAS:
COMUNICAÇÃO COMO PRINCÍPIO DAS NOVAS FORMAS DE HABITAR O MUNDO CONTEMPORÂNEO
lar; midiatização; geografias da comunicação
O lar é um fenômeno antropológico e espacial, resultado da identificação do sujeito com o lugar. Para Alfred Schütz (1979), o lar é o marco zero sobre o território, de onde partimos e para onde queremos retornar, e sua produção se dá à medida em que o habitamos. Assim, se habitar é condição da existência humana (Heidegger, 2006), o lar é uma possibilidade para qualquer pessoa, desde que a sua relação com o espaço seja constante e mutuamente constituinte. As tecnologias de informação e comunicação (TICs), por sua vez, não mais são percebidas como meros objetos dispostos na superfície do planeta, mas sim como elementos que compõem e dinamizam a natureza (Santos, 2013). Nesta tese propomos quatro postulados que descrevem e explicam como o sistema-lar é produzido, praticado e acessado na contemporaneidade, por meio de três eixos teóricos-conceituais: a) as propriedades das mídias – que, para Flusser (1992), tensionam a estrutura do espaço privado; b) a midiatização do mundo da vida – que transforma as interações em sociedade (Sodré, 2002; Hjarvard, 2012) e c) a projeção das identidades no espaço habitado, realizada pelas mídias, que fornecem aos indivíduos uma experiência de habitar nômade. Com isso, defendemos que o lar se espalha sobre o território a partir de uma relação comunicacional entre humanos e espaços constituídos pelas mídias.