meios de comunicação; juventude; redes sociais; pandemia; movimento social.

Comunicar é estratégico para que movimentos sociais ganhem corpo e mobilizem a sociedade. Com a popularização das redes sociais, a dimensão do digital tem sido apontada como um espaço de disputa fundamental para o tensionamento dos debates travados na esfera pública e disputa de poder por autores que estudam comunicação e movimentos sociais, tais como Reis, Hostin e Peruzzo (2019) e Castells (2015). O ambiente cibernético é, ademais, um território massivamente ocupado por pessoas jovens. Em 2020, com a doença do Coronavirus (Covid-19), a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a Covid-19 como pandemia e em pouco tempo o Brasil se tornou um dos epicentros da pandemia no mundo, concentrando aproximadamente metade dos casos totais da região da América Latina e Caribe. Estudos a respeito da comunicação da crise sanitária pela covid-19 no Brasil apontam que o discurso sobre a pandemia se converteu em um território de disputa de poder, tendo os meios de comunicação como um dos espaços de batalha, e que a produção massiva de informação sobre o assunto, em meio a um contexto de politização e polarização, levou a um fenômeno de “infodemia”. Neste sentido, a pandemia impôs uma nova realidade aos movimentos sociais e à participação cidadã da juventude ao proibir e restringir protestos e manifestações de ruas como parte da estratégia de prevenção da doença. Por essa via, nosso estudo tem como objetivo entender quais as estratégias utilizadas por um movimento social juvenil para comunicar com seu público jovem, emitir informações a respeito do tema e mobilizar esse coletivo em torno de causas emergentes dado o contexto de calamidade. Nossa hipótese é que o uso da internet, mais especificamente as redes sociais, ganhou uma dimensão ainda mais relevante enquanto meio de comunicação para que essas redes de mobilização se mantivessem ativas. Para isso, analisamos de maneira quantitativa e qualitativa as 3.713 publicações originais feitas pelo Levante Popular da Juventude no Twitter, entre março e agosto de 2020. Dentre os resultados encontrados, percebemos que o movimento adaptou para o âmbito online as estratégias de agitação e propaganda já utilizadas no âmbito offline, principalmente através de ações coordenadas de impulsionamento de etiquetas sobre um assunto (os chamados twittaços de hashtags) e transmissões ao vivo de debates políticos (as chamadas lives).