JORNALISMO INDEPENDENTE BRASILEIRO E A PARTICIPAÇÃO DE ADOLESCENTES: UMA ANÁLISE SOBRE A PRODUÇÃO DE CINCO ORGANIZAÇÕES JORNALÍSTICAS
Estudos da mídia; Jornalismo independente; Internet; Adolescentes; Participação midiática; Práticas sociais.
Fenômeno exponencial cuja eclosão, em várias partes do mundo, apresenta-se como alternativas ao declínio da indústria jornalística (SALAVERRÍA, 2019), o jornalismo independente tenta se firmar, no Brasil, como espaços de práticas democráticas e discursos contra-hegemônicos através de narrativas plurais. Em todas as regiões do país, plataformas online buscam resgatar a credibilidade perdida (LACERDA, 2016) e oferecer à sociedade conteúdo de maior profundidades apurativa e temática. Entretanto, estes espaços, tão propícios à experimentação e a novos modos de fazer, tendem a seguir a regra de uma mídia adultizada, com um olhar ainda superficial e, muitas vezes, inexistente (MARÔPO, 2010) para o público infanto-juvenil. A partir dos métodos de observação sistemática e análise de conteúdo, este trabalho se debruça sobre a produção de cinco plataformas referências na mídia independente brasileira: Agência Pública; Marco Zero Conteúdo; Nós, Mulheres da Periferia; Revista AzMina e Agência Jovem de Notícias. No recorte temporal de um ano, investigamos como os adolescentes são agendados pelo jornalismo independente brasileiro. Os resultados nos demonstram o quão escassa e superficial é a presença dos mais jovens nas narrativas das organizações independentes, numa perpetuação daquele abismo relacional entre jornalistas e adolescentes tão visível nos veículos da chamada mídia tradicional. Destaca-se que, apesar de pautas alinhadas aos direitos humanos e aos interesses de populações em vulnerabilidade social, as iniciativas jornalísticas independentes seguem a negligenciar a participação de adolescentes enquanto fontes informativas e invisibilizam esse grupo etário enquanto sujeitos de direito e de fala, salvo exceções pontuais.