O FACT-CHECKING NO COMBATE À DESINFORMAÇÃO: Um estudo de caso da Agência Lupa e suas estratégias para a retomada da verdade factual
Mídia; Fact-checking; Desinformação; Plataformas Digitais; Jornalismo.
O fact-checking (GRAVES, 2013; SEIBT, 2019, SCOFIELD, 2019, MANTZARLIS, 2017, SANTOS, 2019) vem despontando como uma prática jornalística emergente no cenário de desinformação (WARDLE; DERAKHSHAN, 2017). A desordem informacional atual é favorecida por inúmeros fatores, como a intensa midiatização na sociedade (SODRÉ, 2006; BASTOS, 2012; HJARVARD, 2014; BRAGA, 2012) e a função ativa do usuário que também se coloca como um polo emissor e suas implicações (MORETZSOHN, 2017; MARTINO, 2015), mas principalmente pela ascensão de um capitalismo de plataformas (SRNICEK, 2018) e o modelo de negócios imposto pelas plataformas digitais (MOROZOV, 2018; HAN, 2018; BUCCI, 2019). Além disso, soma-se ao cenário o declínio do jornalismo (CHRISTOFOLETTI, 2019; MELLO, 2020; DINIZ, 2018), tanto pela mudança do ambiente, como pela crescente descredibilização da instituição. Buscamos nesta dissertação entender como o fact-checking se insere no contexto construído pelo capitalismo de plataformas e pela desordem informacional e, mais especificamente, analisar como a Agência Lupa busca combater a desinformação por meio da checagem de fatos. Nosso principal objetivo com o estudo de caso (GIL, 2017; YIN, 2005) é verificar como a Agência Lupa atua no combate à desinformação a partir da análise da prática de fact-checking e da produção de diferentes projetos e formatos realizados no ano de 2020 a fim de tecer reflexões gerais sobre as potencialidades e os limites da própria prática da checagem de fatos em busca do fortalecimento da verdade factual (BUCCI, 2019; ARENDT, 2016; SANTAELLA, 2019). Para isso, partimos de uma triangulação de métodos e nos baseamos em de autores com diferentes perspectivas (AMAZEEN, 2015; DOBBS, 2012; USCINSKI; BUTLER, 2013; ALBUQUERQUE, 2021; LELO, 2021) a fim de construir uma ampla visão sobre o objeto. Destacamos, por fim, a importância de esforços como a verificação de fatos para se colocar como um contraponto à desinformação e para valorizar algumas práticas jornalísticas. No entanto, reforçamos as limitações estruturais dessa produção e apontamos para a instrumentalização do formato pelas plataformas digitais.