ESTÉTICA DA ANÁFORA:
MARCAS DE UM ESTILO NO CINEMA FICCIONAL POTIGUAR
Cinema potiguar, Escolhas técnicas, Anáforas, Enredo fantástico, Tradição popular.
O presente trabalho procurou apropriar-se do conceito teórico de estilo cinematográfico, empreendendo a análise do enredo fantástico dos filmes ficcionais potiguares realizados entre 2010 – 2019, tomando como ponto de partida as seguintes produções fílmicas: Inácio Garapa: Um Matuto Sonhador (José Gomes, 2010); O Mundo de Ana (Wigna Ribeiro, 2014) e Lua de Fogo (Walfran Guedes, 2016). O caminho trilhado segue o percurso teórico-metodológico apresentado por David Bordwell (2008; 2016; 2018), para o qual o estilo concerne às escolhas dos realizadores em circunstâncias históricas e tempo oportuno. A discussão aprofunda e suplementa a análise, enxergando as obras cinematográficas como obras expressivas (de linguagem artística — simbólica e sígnica), por considerar os traços de intencionalidade da autoria (realizadores) e a solução de problemas emergidos. O debate busca contribuir, a partir dos estudos da categoria de enredo fantástico (uma das categorias de controle da mise-en-scène—, que descreve o aspecto mítico dos elementos sintetizados como universais e também de tradição popular nordestina), identificando elementos anafóricos (recorrentes) e díspares nas subcategorias do cenário, figurino, maquiagem e encenação. Fez parte do propósito, desde o início da nossa pesquisa, compreender a relação entre os cineastas e suas linguagens no âmbito dos filmes ficcionais contemporâneos do Rio Grande do Norte com o intuito de perceber a recorrência de elementos e técnicas características de um estilo representativo do cinema regional, e de elucidar a existência ou não, de um estilo dominante característico. Propõe-se, no âmbito desta pesquisa, articular o aporte teórico à expressão da linguagem cinematográfica que envolve conceitos de estilo, estética, políticas públicas, teorias, análise e linguagem do cinema e da arte (Movimento Armorial). Os capítulos da tese referem-se ao processo de elucidação do conceito e análise do estilo anafórico, perpassando pelo exame e fragmentação do contexto histórico formador da cinematografia potiguar, mediada pela relação entre o fantástico, o mítico e o popular; culminando na análise do enredo fantástico (mítico), direcionando as análises sobre como as subcategorias atuam sob escolhas técnicas autorais na linguagem dos filmes construindo anáforas. A partir dessa trajetória, buscaremos responder as seguintes questões: 1) De que maneira se expressa um estilo no cinema ficcional potiguar do período entre 2010 – 2019? 2) Que influências estéticas em chave de estilo (abarcamos as condições de produção) incorporariam a identidade de produção do cinema local? 3) Há uma mudança de paradigma na forma fílmica em relação às produções que antecedem o momento atual? O estudo está sendo conduzido através da teorização e observação do método de fragmentação fílmica (segmentação do enredo), da análise poética dos eventos ocorridos, e dos relatos dos cineastas.