Autocomunicação de massa na cultura digital a partir de Manuel Castells: um Estudo de Caso entre os estudantes de comunicação no Nordeste do Brasil
Autocomunicação de massa; aprendizagem; autonomia comunicativa.
O objetivo desta tese foi compreender o fenômeno da “Autocomunicação de massa”, na cultura digital emergente, a partir de um estudo bibliográfico-analítico do sociólogo catalão Manuel Castells, e, em seguida, verificar, através do método “Estudo de Caso”, a influência do fenômeno investigado no processo de aprendizagem dos estudantes da área de Comunicação, em três unidades de Ensino Superior: Curso de Marketing, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cajazeiras (FAFIC); Curso de Jornalismo, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e o Curso de Jornalismo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Esta tese foi realizada no Departamento de Ciências da Comunicação Social da Universidade Pontifícia Salesiana (UPS) em Roma, em co-tutela com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Entre outros resultados obtidos na pesquisa, o autor dá ênfase a duas importantes descobertas. Em primeiro lugar, obtêm-se uma lúcida compreensão teórica da mudança paradigmática em curso da “comunicação de massa” à autocomunicação nas ecologias midiáticas digitais. A prática da autocomunicação nas mídias digitais é realizada por meio de um sistema comunicacional bidirecional (many-to-many), multimodal, com a possibilidade de cada pessoa conectada acessar, autonomamente, a um conjunto infinito de informações hipertextuais, sem a necessidade prévia de programar tempo e espaço, tendo a interatividade como a sua principal regra (CASTELLS, 2017). Esse inédito modelo comunicativo emancipa, como nunca antes, a cultura da autonomia, que, para Castells (2013, 2015), é a cultura predominante da atualidade. Em segundo lugar, tomando como referência algumas categorias presentes na descrição do objeto de estudo, defendeu-se como hipóteses subsidiárias que a prática da Autocomunicação de massa entre os estudantes de Ensino Superior emancipa a autonomia no acesso, na gestão e na publicação de conteúdos acadêmicos nas mídias digitais dos próprios estudantes. O resultado final do “Estudo de Caso” revelou que todos os 52 estudantes envolvidos na pesquisa vivem e aprendem imersos no novo paradigma interativo, hipertextual e multimodal da autocomunicação. Essa nova “ecologia” digital emancipa a autonomia acadêmica dos estudantes, provocando, desse modo, uma clara dissonância comunicativa entre o novo modelo de aprendizagem adotado pelos estudantes e o tradicional modelo didático-pedagógico. Conscientes, portanto, de haver um abismo comunicativo e cultural sempre mais crescente entre as novas dinâmicas de aprendizagem dos estudantes e o ambiente secular das estruturas de ensino, e conscientes também de que as mídias digitais se tornaram a principal “biblioteca” de pesquisa dos estudantes entrevistados, o autor conclui a pesquisa apresentando algumas proposições práticas para emancipar a pedagogia da autonomia acadêmica do estudante da era da autocomunicação na emergente cultura digital.