Midiativismo e participação política na internet: o discurso da Mídia Ninja e dos
Jornalistas Livres no processo eleitoral brasileiro de 2018
Midiativismo; redes sociais digitais; análise do discurso; Mídia
Ninja; Jornalistas Livres.
O contexto tecnológico atual possibilita que atores diversos, em grupo ou de forma individual,
produzam e distribuam conteúdos, com potencial de se tornarem relevantes, devido à
popularização das tecnologias da informação e comunicação (TICs), principalmente a internet
e os sites e aplicativos de redes sociais digitais. Esta situação reconfigura o caráter
predominante do campo jornalístico enquanto responsável pela construção da realidade social
e as maneiras de empreender ações de contestação social por meio do ativismo, conformado
pela permanente atualização dos dispositivos midiáticos, possibilitando a emergência de
coletivos midiativistas que produzem discursos contra-hegemônicos, dando novos contornos
ao entendimento de mídia alternativa. Neste sentido, esta investigação tem o objetivo de
analisar a produção de discurso de dois destes grupos, a Mídia Ninja e os Jornalistas Livres,
durante o processo eleitoral para a presidência do Brasil, em 2018, com o intuito de: descrever
as estratégias utilizadas por eles no que diz respeito à escolha da linguagem, dos formatos dos
conteúdos e das narrativas para convencer os internautas sobre seus posicionamentos políticos
e estabelecerem-se como referências de uma corrente política em meio à torrente de
informações que circularam no citado período; problematizar a ação midiativista dos coletivos
e aprofundar as discussões sobre o aumento qualitativo ou não da participação política no
contexto das redes digitais. Para tanto, utilizaremos a Análise de Discurso Textualmente
Orientada, baseada na concepção tridimensional do discurso (texto, produção discursiva e
prática social) (FAIRCLOUGH, 2001) em diálogo com a Análise Crítica do Discurso (ACD)
(FAIRCLOUGH, 2002, 2013; MEYER, 2002) para analisar as 30 postagens de cada grupo
com maior engajamento (60 ao todo). A rede teórica que embasa o estudo passa pelas
questões referentes à reticularização da sociedade, midiatização e o que isso significa para a
melhoria da democracia, os aspectos relativos a mídia alternativa, ciberativismo, net-ativismo,
midiativismo e midialivrismo (mídia livre) e a relação destes com o jornalismo. A pesquisa
em andamento tem como resultados parciais a observação de que os grupos realizaram ações
de ataque contra o então candidato Jair Bolsonaro, utilizando humor, memes e arte (o campo
estético) em conteúdos audiovisuais, com contextualização superficial, o que os coloca
claramente em um dos lados da disputa (o que apoiava o candidato Fernando Haddad), mas
também arrisca a credibilidade dos coletivos pela falta de aprofundamento nas questões
levantadas nas postagens. Além disso, poucas categorias do que se entende por midiativismo
foram utilizadas: não houve cobertura de manifestações, nem presença física para fazer a
retroalimentação entre a rua e o ambiente online, o que pode colocar os grupos como
“postadores” comuns em sites de redes sociais que apenas alimentam indiscriminadamente a
polarização política no Brasi.