ASSISTENCIALISMO E ESPETÁCULO NA TV DO RN: Afetos encenados no discurso de Carlos Alberto de Sousa
Televisão. Rio Grande do Norte. Espetáculo. Assistencialismo. Entretenimento. Análise de Discurso.
A pesquisa investiga o afeto como ferramenta de persuasão no discurso do apresentador Carlos Alberto de Sousa, político e empresário, fundador da TV Ponta Negra, que entre final dos anos 1980 e início dos anos 1990 comandou um programa de auditório na emissora. O recorte é um programa com 5h 18seg, distribuído em 10 quadros, exibido em 5 de dezembro de 1987 e um quadro de 9min 15seg, de 17 de junho de 1989. Busca-se, por meio de análise televisual e análise de discurso, uma análise crítica sobre parte dos códigos que ligam os dois lados da tela num ambiente de assistencialismo, entretenimento e política. O referencial teórico tem base na teoria funcionalista da mídia (hipótese de Usos e Gratificações), com referência em Merton e Lazarsfeld (2000) e Katz, Gurevitch e Hass (1973). Ainda, nos conceitos de grotesco e na análise televisiva de Sodré (1975, 1977, 2002, 2006); dos discursos da mídia, em Charaudeau (2010); sobre a relação política x comunicação de massa, em Aldé (2004), Gomes (2004) e Lima (2001); sobre espetáculo, em Debord (2003), sobre programas populares na TV, na análise de França (2006). Midiatização tem referência em Hjarvard (2012, 2014), e o conceito de coronelismo eletrônico tem base em Santos e Caparelli (2005). Afeto tem referência em Sodré (2006) e Freire Filho (2017); e dominação carismática, em Weber (2004). Para análise televisual, a referência é Jost (2004, 2007). Para o discurso, os esquecimentos descritos por Orlandi (1999) e Pêcheux (2014), da escola Francesa de AD, tendo como suporte metodologia proposta por Souza (2014). A metodologia da pesquisa inclui pesquisa bibliográfica, documental, história oral e pesquisa videográfica junto ao acervo da emissora. Conclui-se que, com raros episódios de espontaneidade, os afetos são estrategicamente encenados numa narrativa de entretenimento e assistencialismo com fins politico-empresariais. Com traços do grotesco e do coronelismo eletrônico, os quadros revelam um discurso conservador, capitalista, machista e discriminatório.