MEMÓRIA NO CINEMA DOCUMENTÁRIO: UMA IMERSÃO NA CONSTRUÇÃO DO FILME A PESSOA É PARA O QUE NASCE, DE ROBERTO BERLINER.
reconhecimento; documentário; representação; imagem e memória
Esse trabalho traz uma reflexão a respeito do documentário A pessoa é para o que nasce, em seus dois formatos: curta-metragem (1998) e longa-metragem (2004), de Roberto Berliner, no tocante à relação edificada pelo diretor e suas personagens através de um processo de imersão na vida delas, o qual durou quase seis anos (1997-2003). O filme conta a história de Maria, Regina e Conceição, três senhoras cegas, que viveram maior parte da vida nas feiras do Nordeste brasileiro, cantando e tocando ganzá em troca de dinheiro. O documentário mostra um pouco do cotidiano dessas mulheres e deixa transparecer fragmentos da relação de afeto construída por Berliner e elas, fator importante para o resultado obtido pelo longa-metragem. Dessa forma, utilizaremos Bosi (1987), Todorov (1996) e Goffman (2002) para refletirmos sobre o resgate de memória, a concepção de imagens visuais e não-visuais, as noções de reconhecimento, de si e do outro, e representação através desse processo de interação entre personagens e diretor.