VIOLÊNCIA POLICIAL E RACISMO NA MÍDIA:
REFLEXOS DO PACTO DA BRANQUITUDE NA PRODUÇÃO JORNALÍSTICA DO JORNAL NACIONAL E DO REPÓRTER BRASIL
Cobertura Jornalística. Violência Policial. Racismo. Branquitude.
Esta pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de analisar de que forma a branquitude se manifesta na cobertura noticiosa dos casos de violência policial contra pessoas negras ocorridos no Brasil. A hipótese que guia o estudo entende que há uma isenção negligente por parte da produção jornalística dominada por profissionais brancos, que não assume, em sua cobertura, o racismo como um dos motivadores da atuação violenta da polícia, o que implica na negação do problema e impede o debate sobre a segurança pública em sua complexidade. Utilizando a Análise Televisual (Becker, 2005; 2012) como metodologia, analisamos os programas Jornal Nacional (JN), daRede Globo e Repórter Brasil (RB), da TV Brasil, buscando diagnosticar a incidência do uso da palavra “racismo” na amostra de notícias levantadas em ambos os jornais, entre os anos de 2022 e 2023. Os resultados deste estudo apontam para uma cobertura sem aprofundamento e, acima de tudo, dotada de isenção, uma das fortes características do pacto da branquitude. O que almejamos, através dos resultados deste estudo, é levantar reflexões a respeito dos possíveis impactos da ausência do debate de raça na cobertura jornalística sobre a atuação policial para a manutenção da lógica que criminaliza a população negra e normaliza o seu sofrimento e a sua morte.